Luanda - Marcolino Moco qualifica de «pouca-vergonha» o facto de até hoje não saber o nome do candidato do seu partido, o MPLA, às próximas presidenciais.


"Meios públicos privatizados
por pessoas que estão no poder"

O antigo secretário-geral do MPLA, ex-primeiro-ministro e hoje docente, referiu esta opinião em entrevista exclusiva à Rádio Ecclesia passada hoje.

Apontou esta situação ao criticar a lei da rolha que se mantém, a seu ver, na comunicação social pública, mesmo depois deste partido ter ganho as eleições legislativas com uma grande margem.

«Temos esta pouca-vergonha que hoje não sabemos quem vai ser o candidato mesmo do MPLA às eleições presidenciais. Advinha-se mas não se pode falar», deplorou.

Não culpa o MPLA por esta anormalidade, mas «pessoas que estão a exercer o poder governativo» e que afastam o país do «exemplo de Moçambique, onde sucessores presidenciais já não são um tabu».

«Nós temos exemplos da África do Sul, da Namíbia, mas estão a levar-nos para exemplo tipo Costa de Marfim, onde depois de um excelente presidente, mas por causa dos mitos, o presidente acaba a sua missão belíssima, entra-se numa crise», acrescentou.

 

Comunicação social manietada

Estimou que «a comunicação social está manietada aqui em Angola», desencorajando a pretensão de se candidatar para as presidenciais.

Exemplificou com a emissora que o entrevistou: «estou a falar para Rádio Eclesia, mas a Rádio Ecclesia não é ouvida em todo o pais.»

«Os meios de comunicação ouvidos em todo o pais são os meios públicos e os meios públicos são “privatizados”. Formalmente não são privados, mas são “privatizados” por pessoas que estão no poder», continuou.

A este respeito citou outra vez a sua situação: «Várias entrevistas minhas que jornalistas me fizeram, mesmo com uma linguagem adoptada a linha editorial, não saíram. No entanto, eu não acho que a minha importância só deve ser válida através de cargos públicos.»

Em suma, o ora docente da Universidade Lusíada reiterou largamente os pronunciamentos feitos na entrevista concedida no último fim-de-semana ao digital ‘Notíciaslusofonas’. Os leitores do Apostolado podem encontrar o texto integral da referida entrevista na rubrica apropriada.


Fonte: Apostolado