Luanda - Ponto final: outros gestores à frente do hospital Boavida, uma dos mais referenciados da capital!

 Comissão de Reestruturação e de Gestão

A sentença, o ministro da saúde, José Van-Dúnem, tornou-a pública no princípio da noite de ontem, numa concorrida conferência convocada no seu gabinete.

Tudo por causa do escândalo da jovem Mingota, uma paciente que acabou por falecer na portaria da Televisão Pública de Angola (TPA), após a recusa do seu atendimento no hospital Américo Boavida.

«Na sequência do inquérito, nós decidimos exonerar a administração do hospital América Boavida», anunciou o ministro ontem.

Acha, completou, que a administração cessante «fez, em outras alturas mais difíceis, o seu melhor, mas o estado de organização do hospital neste momento, nomeadamente das Consultas, do Banco de Urgência, leva-nos a que tenhamos de tomar esta medida.»

Comissão de Reestruturação e de Gestão

Concomitantemente, José Van-Dúnem nomeou uma Comissão de Reestruturação e de Gestão do estabelecimento.

Esta Comissão tem a missão de, no prazo de 45 dias, apresentar um plano de reorganização, para executá-la durante seis meses.

Será dirigida pela doutora Constantina Pereira Furtado Machado, trabalhadora do hospital e especialista em medicina interna.

O inquérito estabeleceu, indicou o governante, que «a situação dela (da finada Domingas de Sousa Francisco "Mingota") era bastante grave» quando, com os seus familiares demandaram o hospital Boavida na manhã de 26 de Junho passado.

Duas semanas antes, até, Mingota tinha sido assistida no mesmo estabelecimento por sérias infecções parasitárias.

Ordens superiores

O vulgo “caso Mingota” data do supracitado dia, em que os familiares demandaram o Boavida, com a paciente ainda em vida.

Os familiares e a sua doente foram recebidos por uma vigilante, que evocou ordens superiores em não registar nenhum paciente por falta de camas.


A vigilante instruiu os aflitos solicitantes a procurarem outra unidade, mas os mesmos preferiram ir à TPA, com o intuito de angariar alguma ajuda financeira.

O seu ente querido morreu por volta das 17 horas, do mesmo dia, na portaria da estação televisiva, o que gerou uma tamanha indignação da opinião pública.

Responsabilidade criminal

Natural do município de Calandula, província de Malanje, 25 anos de idade, Mingota residia no bairro Sambizanga em Luanda desde 1991.

Era viúva e mãe de dois filhos já falecidos também.

Vozes da sociedade civil, que reagiram na Rádio Ecclesia, aplaudiram a medida do ministro, mas exigem «a responsabilidade criminal em consequência».

O político Bonavena admirou-se nesta esteira pelo «silêncio observado pela Procuradoria-geral da República até aqui no caso.»

O porta-voz do Sindicato dos Enfermeiros, Almeida Pinto, acentuou a necessidade de facultar melhores de trabalho aos seus colegas.

«A exoneração só não basta, mas é necessário melhorar as condições de trabalho nas unidades sanitárias», reforçou o sindicalista.


Fonte: Apostolado