Luanda - A UNITA e a CASA-CE, na oposição, criticaram a decisão do Governo de Luanda e da Polícia Nacional de impedirem duas manifestações de activistas marcadas para sábado e domingo na capital angolana, em protesto contra a prisão de manifestantes em Malanje e em memória do 27 de Maio de 1977.

*Manuel José
Fonte: VOA

Oposição critica proibição de manifestações

Para aqueles partidos o regime continua próximo da ditadura, enquanto o MPLA diz que a polícia actuou dentro da legalidade.

"Este regime de democrático não tem nada e está mais próximo de uma ditadura porque as democracias não temem as reivindicações que são indicadores para melhorias, por isso não me admira que quando não lhes convém impedem manifestações e até matam cidadãos", acusa Leonel Gomes, secretário-geral da coligação.

A deputada da UNITA, Mihaela Webba, por seu lado, diz que“o procedimento administrativo para as manifestações deve ser alterado porque a partir da entrada em vigor da constituição de 2010 lei de reunião e manifestação está em inconstitucionalidade superveniente em virtude de a Constituição ter estabelecer algo contrário".

Do ponto de vista político, Webba acrescenta que as pessoas pensavam que a eleição de João Lourenço “faria de Angola um verdadeiro Estado democrático e de direito”, mas, acrescenta ”os direitos fundamentais dos cidadãos são constantemente violados por aqueles que exercem o poder politico”.

Entretanto, o porta-voz do MPLA, partido no poder, Norberto Garcia do MPLA diz “não ser bem assim porque o Estado como pessoa de bem age sempre no estreito cumprimento da lei”.

"Eu não questiono o direito das pessoas de se manifestarem sempre que assim o entenderem até porque o próprio Presidente João Lourenço defende o direito das pessoas e o respeito pelo Estado democrático, mas até prova em contrário o Estado quando impede uma manifestação é por obediência a lei, por ser uma pessoa de bem"., defende Garcia.

Leitura diferente tem o analista politico e social Lukombo Nza Tuzola, que antevê um mandato de João Lourenço igual ou pior ao de José Eduardo dos Santos.

"O meu receio é que os 100 dias de graça de João Lourenço se tornem em desgraça, para dizer que a esperança do povo em Lourenço arrisca-se a ser fogo de palha porque havia a esperança de as manifestações, que foram actos polémicos durante o consulado de Santos, pudessem ser ultrapassadas, mas não acredito que haja grandes alterações de fundo", conclui.