Luanda - O Ministério das Finanças está a ser acusado de não pagar a divida da Firma “Bernardo Fonseca e Filhos”, contraída pelo governo provincial do Bié, entre os anos noventa e dois mil, cujo pagamento já havia sido autorizada pelo Presidente cessante, José Eduardo dos Santos, coisa que Archer Mangueira até ao momento ainda não concedeu a respectiva ordem de saque no valor de sete milhões de dólares americanos.

Fonte: Jornal Liberdade

A quezília começou em 1993, quando o governo provincial do Bié contraiu a referida dívida, através da compra de bens diversos como: arroz, açúcar, feijão, óleo, entre outros. O actual responsável da Firma avança que o governo local, também pedia os préstimos das viaturas da sua empresa que, na altura, levava os produtos para as províncias vizinhas. “Dentro do Ministério das Finanças alguém está a tirar dividendo deste processo”, afirmou. Bernardo Samuel Fonseca, filho de Bernardo Fonseca e, um dos herdeiros da empresa citada, afirma que o estado angolano deve à sua empresa e isto já foi provado e até, em 2015, Eduardo dos Santos, na altura como Presidente do país, exarou o despacho para o pagamento da dívida, não entendendo a razão para que até ao momento nada tenha sido pago.

 

“Quando eles (governo provincial), chegavam à nossa empresa, apenas solicitavam que nós passássemos uma factura e assinavam que receberam os produtos”, disse Bernardo. O empresário conta que desde 1993 até aos anos dois mil, ano que culminou com a morte de seu pai, o governo do Bié não efectuou quaisquer pagamentos, alegando estar em uma fase de calamidade, que era a guerra que assolou o país naquela década. “Depois disso, eles fizeram várias notas de cabimentação e remeteram ao Ministério das Finanças para o posterior pagamento e o referido órgão nunca se pronunciou”, afirmou Bernardo Fonseca.

 

O cidadão, conta que depois de ver o cruzar dos braços da entidade financeira, tiveram que fazer várias demarchEs, para a resolução da contenda. “Tivemos que nos dirigir ao Ministério das Finanças, mas sem sucesso. Nos dirigimos à Casa Civil do Presidente da República, escrevemos para o Presidente, para o vice, para o secretário-geral do MPLA, para o Procurador Geral, para o presidente do Tribunal Supremo, escrevi para várias entidades de direito”, disse. Fonseca conta que depois de escrever para as referidas entidades, criaram uma equipa para analisar o caso e, desta feita, deslocaram-se para a província para constatar in loco a referida questão.

 

“A equipa que se deslocou para a província, constatou que a mesma existe e é verdadeira, tanto que em 2015, o governo provincial respondeu à Casa Civil do Presidente da republica, confirmando a existência da dívida, e desde 2015 que o Presidente cessante exarou o despacho para o pagamento da dívida”, afirmou.

 

O actual responsável da Firma, várias vezes ao deslocar-se ao local, tem sido humilhado, chegando a ser tratado como um palhaço; por isso, encontra-se saturado com o Ministério das Finanças, o grupo Guetasse, UGDP, assim como com o pessoal do gabinete do ministro, bem como a Secretaria da Divida do Tesouro. “Como é que uma divida visível não é paga?”, questionou-se o PCA da Firma Bernardo Fonseca.

 

O mesmo vê uma “luz no fundo do túnel” com o novo paradigma político que o país atravessa, através de João Lourenço, o actual Presidente do país e do MPLA, que pretende acabar com os vícios que marcou a governação de Eduardo dos Santos. “Uma vez que temos o novo governo, eu solicito a intervenção do Presidente para desmantelar essa quadrilha, ou esta rede de pessoas, que estão a bloquear o meu processo”, afirma Bernardo, que apesar de dispor de todos os documentos e despachos, até agora não vê resolvida a sua situação.