Lisboa - José Filomeno dos Santos terá enquanto Presidente do Fundo Soberano de Angola, usado fundos de origem incerta para comprar o antigo “Banco Pungo Andongo”. O filho do ex- Presidente de Angola passou a controlar este banco através da empresa fantasma “Mais Financial Service” detida pelo seu “testa de ferro”, Jorge Pontes Sebastião, que se tornou no PCA. A dupla injectou capital no banco e batizou -lhe com outro nome: “Banco Mais”.

Fonte: Club-k.net

Acadêmico apela  investigação da PGR

O Banco Pungo Andongo começou a ser idealizado em Setembro de 2013, tendo como um dos seus entusiastas, o bancário Paixão António Júnior, que na altura não podia aparecer por exercer funções de PCA do Banco estatal BPC. O banco seria oficialmente constituído aos 28 de Fevereiro de 2014 apresentando como acionistas figuras como: Manuel da Cruz Neto (Ex-SG da Presidência da República) , Fábio Denílson Silvone António (filho de Paixão Jr), Manuel António Monteiro ( presidente da Federação das Cooperativas agro-pecuárias), Filipe Lemos Inácio (jurista); e Marcos Barros da Fonseca (testa de ferro de Paixão Júnior).

 

Um ano depois da sua fundação, estes acionistas invocaram falência. No dia 28 de Setembro de 2015, os mesmos juntaram-se e decidiram nesta reunião, passar 51% das ações do banco “Pungo Andongo” para a “Mais Finance Service”, empresa fantasma de Jorge Gaudens Pontes Sebastião, que nem sequer estava ainda registrada. Somente três meses depois desta reunião é que a “Mais Finance Service” foi legalizada precisamente a 4 de dezembro de 2015.

 

De acordo com documentos em posse do Club-K, no dia 9 de Maio de 2017, o Banco Nacional de Angola (BNA), na altura dirigido por Walter Filipe da Silva, fez um despacho confirmando que a “Mais Finance Service”, havia injectado capital no banco “Pungo Andongo”, que de seguida passaria a ser rebatizado por “Banco Mais”.

 

A data anterior a esta medida do BNA, o “testa de ferro”, Jorge Gaudens Pontes Sebastião já controlava o “Pungo Andongo” como por intermédio de uma outra empresa sua, a CAMEX, S.A. Pontes ficou o PCA e um colaborador brasileiro, Jose Valentim Barbieri, liderava a comissão executiva do banco.

 

No passado dia 8 de setembro, o administrador executivo do “Banco Mais”, António Santana anunciou que, até ao último trimestre, a sua instituição irá aumentar o capital social em 50 por cento, com vista a observar uma imposição de Março último, do Banco Nacional de Angola (BNA) relativa à elevação dos rácios regulamentares.

 

Onde os acionistas vão buscar dinheiro para injectar no banco?

 

A acionista maioritária do Banco Mais é a “Mais Finance Service”, a quem caberá fazer o aumento do capital. A “Mais Finance Service”, é a empresa que esta a ser investigada pela PGR, por ter sido usada para operação da burla de 500 milhões de dólares do BNA.

 

Os documentos da justiça angolana atestam que a “Mais Finance Service”, e que foi usada por Jorge Pontes Sebastiao e Zenu dos Santos para o receber, em Agosto de 2017, o valor de 24 milhões do BNA para uma falsa consultoria técnica financeira. O Tribunal Supremo confirma que recuperou de volta os valores depois de Jorge Pontes ter repartido com os amigos que ajudaram no esquema fraudulento, dentre os quais é citado o advogado Teodoro Bastos.

 

José Filomeno e Jorge Pontes são agora acusados pelo Tribunal Supremo pela pratica de associação criminosa, crime de burla por defraudação, branqueamento de capitais e etc.

 

Tendo o Banco Mais, como acionista maioritária uma empresa fantasma que é a “Mais Finance Service”, o acadêmico e investigador Domingos da Cruz, contactado pelo Club-K, aproveita a ocasião para apelar a Procuradoria Geral da República, para que esclareça a origem exacta dos fundos que esta empresa usou para comprar o antigo banco Pungo Andongo e transformar em “Banco Mais”.

 

“Há um despacho 002/18, da PGR enviado ao Tribunal Supremo explicando  que esta empresa ‘Mais Finance Service’ foi usada  por duas  vezes para um esquema fraudulento financeiro. Havendo antecedentes e tendo em conta que o seu mentor Jorge Pontes não tem histórico de emprendendorismo ou que tenha herdado alguma riqueza, achamos portanto que há toda uma necessidade de a PGR esclarecer ao público a origem dos fundos usados para compra de participações no Banco Mais. Há que se saber se foram fundos do Fundo Soberano de Angola ou de um outro esquema fraudulento que tenha  lesado o Estado angolano”, defendeu o  ex- docente da Universidade Independente de Angola.