Luanda - É bem provável que haja desinformação por parte do INAR em relação a leitura histórica dos assuntos que se propõem a defender ou se opor.

Fonte: Club-k.net

A lei da liberdade religiosa tem os seus primórdios nos EUA, resultou dos vários movimentos que fugiam exatamente de uma perseguição religiosa desencadeada na Inglaterra pelos reis Carlos I e Tiago I, por volta do século XVII e, pasmem, pela igreja oficial do reino que é a Igreja Anglicana.

Este grupo que embarcou no navio Mayflower, assinaram um pacto que ditaria a vida dos norte-americanos de que não teriam nenhuma religião oficial e que cada um exerceria a sua fé da maneira que lhe agradasse, aliás, estes foram os princípios que fundamentaram a democracia norte-americana que se tornou modelo em quase todo mundo. Foi neste país que se deu a gênese da lei que o diretor do INAR tem dificuldade de entender.

Vale destacar que, por causa das convenções internacionais, muitos países começaram a participar dos tratados internacionais, inclusive aqueles que tinham certas dificuldades com algumas ideias; e Angola também se tornou signatária; porém, parece que ao invés de seguir o modelo certo da liberdade religiosa em consonância com os tratados internacionais, resolve aprender com países como a China que apresentam uma pseudo-liberdade religiosa.

É interessante que, se fizermos uma comparação, perceberemos que o partido comunista que lidera a China, tem nos seus princípios, bem destacado que para ser membro do mesmo, deve se declarar ateu; o fato é que Kebanguilako (2016, p. 218) na sua tese de doutorado nosmostra que dos anos 1975 a 1992, “para ser membro do (MPLA), (...) tinha que ser ateu”.

Neste sentido, podemos então inverter a ordem da famosa frase popular de que “nem toda semelhança é mera coincidência”.

É interessante que os entes que assinaram o comento naquela época, são os mesmos que continuam exercendo a liderança tanto do partido como do país atualmente, aliás, enquanto escrevemos, o presidente se encontra na China buscar apoio para o país. Parece que não foi apenas a busca de apoio financeiro, mas também da perseguição religiosa.

Em suma, o estado angolano está mais uma vez retirando o seu véu e mostrando o seu verdadeiro rosto de aversão às religiões, principalmente as cristãs, influenciando a opinião pública e implantado de novo o espírito do medo no povo.

Anselmo Muanda, Mestre em Ciências da Religião, Teólogo e Linguista