Luanda - No discurso sobre o Estado da Nacão, o Presidente da República João Lourenço disse que o diferencial do preço do barril do petróleo gerou 4 mil milhões de dólares que serviram para pagar a dívida de Angola.

 

Fonte: Club-k.net

O problema é que o Titular do Poder Executivo não disse qual é o valor exacto da dívida de Angola. A incógnita continua. Os angolanos continuam a não saber o nível de endividamento do país. Disse que contraiu mais dívidas num valor total de 11, 2 mil milhões de dólares e mais de 500 mil Euros, mas também não disse como estamos agora em termos de endividamento geral e qual a contrapartida que Angola assumiu para se conseguir os novos créditos. Ainda temos folga de dívida no PIB? Tinha de estar claro. A dúvida sobre o processo de dívidas de Angola continua, embora haja uma evolução no Estado da Nacão: divulgou-se o valor geral dos novos créditos contraídos lá fora.

 

É a nota positiva que vejo neste discurso, fazendo uma comparação com o Estado da Nacão de José Eduardo dos Santos. Por outro lado, houve um balanço de vários sectores da vida pública, mas não apontou números exactos (metas) para o novo ano parlamentar para que pudéssemos avaliar eficiência-eficácia no próximo Estado da Nacão em 2019, para além de ter mostrado que vai insistir na execução do gradualismo das Autarquias num período de 10 anos, o que é negativo, em meu entender.

 

Não gostei do discurso musculado sobre o encerramento de igrejas. Penso que, como Presidente da República, devia ter um discurso mais ponderado, de apelo ao diálogo, com o sentido de se encontrar as melhores soluções, até porque João Lourenço deverá saber as reais causas da proliferação de igrejas: fenómenos sociais, que o seu partido MPLA não resolveu, com todas as promessas desde a Independência. Devia ter assumido também a sua culpa. Não é com este tipo de discurso musculado que vamos evoluir, penso. Nota negativa para João Lourenço neste aspecto das igrejas. O resto do discurso foi um reforço de promessas que já tinha avançado em discursos anteriores.

 

Carlos Alberto
15.10.2018