Luanda - Novos dados estão a ser revelados por diferentes fontes, que referem o envolvimento do ex-ministro dos Transportes, Augusto da Silva Tomás, em actos lesivos aos interesses do Estado angolano, não referenciados no processo que levou à sua detenção preventiva desde 21 de Setembro no Hospital Prisão de S. Paulo, sob acusação de gestão danosa de fundos do Conselho Nacional de Carregadores.

 

*Ramiro Aleixo
Fonte: Club-k.net

Assim, de acordo com informação que nos foi facultada, em despacho com o nº 178/11 (de Agosto de 2011), Augusto da Silva Tomás, nas vestes de ministro dos Transportes, delegou poderes ao presidente do Conselho de Administração da Empresa do Caminho de Ferro de Luanda-EP, Osvaldo Lobo do Nascimento, para fazer a assinatura de Escritura que transferiu os direitos de posse de um terreno pertencente à essa entidade estatal para a GBE-Empreendimentos e Participações-Lda, sem referenciar que montantes teria esta entidade pago.

 


Por sua vez, em Escritura lavrada no Primeiro Cartório Notarial de Luanda no dia 5 de Julho de 2012 e perante o notário licenciado Amorbelo Vinevala Paulino Sitongua, Osvaldo Lobo do Nascimento, em nome e em representação da Empresa Caminho de Ferro de Luanda-EP, passou para a GBE, representada no acto por Manuel Livongue, o direito de superfície do lote que por sua vez, foi transferido a favor da Embaixada da China pelo valor global de USD 1.800,00 (mil e oitocentos dólares americanos) por cada metro quadrado de área do lote. Na sequência desse entendimento, o preço global acordado entre as partes foi de USD 78.678,324,00 (setenta e oito milhões seiscentos e setenta e oito mil trezentos e vinte e quatro dólares americanos).


Num documento rubricado, as partes referem que a finalidade do lote vendido seria a construção da nova Embaixada da República Popular da China em Angola.

 


De acordo com cópias de documentos que nos foram facultados, o dinheiro foi depositado na conta da CTT Overseas, SA com o número 4010156833 do Credicorp Bank da República do Panamá, a pedido de João Bento da Silva Neto, Presidente do Conselho de Administração da GBE, em carta endereçada à Embaixada da China, no dia 1 de Abril de 2016.

 


Este caso não é referenciado no Despacho do Tribunal Supremo divulgado recentemente por via das redes sociais, que sustenta e justifica a manutenção da medida de coação de prisão preventiva de Augusto da Silva Tomás, que refere igualmente, que as investigações irão continuar, “porquanto existem indícios de haver outras empresas envolvidas em mais fraudes durante a gestão do arguido”.

 


Recordamos que Augusto da Silva Tomás, ex-ministro dos Transportes (exonerado em Junho), encontra-se detido desde 21 de Setembro por suposto envolvimento no desvio de fundos do Conselho Nacional de Carregadores, na sequência de investigação iniciada pela Inspecção Geral do Estado.

Loading...