Montreal - Um pouco por todos os cantos reclama-se acerca das chegadas dos profissionais estrangeiros que sem mais nem que “stão nos bater no chão assim só”. Nos tempos do saudoso Carlos Cunha, ex-director da TPA, foi iniciado um longo processo de formação e capaciatação dos quadros nacionais sem nunca se ter contratado um estrangeiro quer técnico quer jornalista.


Fonte: Club-k

A TPA é nossa!
Não podemos aceitar que nos batam
no chão assim desta forma

Houve muitos profissionais da RTP e da TV Globo que estiveram na TPA a administrar seminários e cursos de superação, mas que passados três ou seis meses iam-se embora. E os quadros angolanos sempre deram conta do recado, oferecendo cada vez mais um serviço de qualidade, pelo menos do ponto de vista estético, aos telespectadores.


Muitos profissionais daquela casa foram fazer cursos demorados em Portugal, Brasil, França, Inglaterra, Espanha, Estados Unidos da América, Zimbabué com vista a continuarem actualizados em relação às novas tecnologias televisivas, assim como as novas técnicas e formas de informação.


Todos os estúdios  fixos da TPA a nível nacional foram construidos e equipados por técnicos angolanos, mesmo os estúdios móveis adqueridos no estrangeiro foram instalados por técnicos nacionais. A operação e manutenção de todo o equipamento foi e continua a ser garantido por quadros nacionais.


Hoje, a TPA entregue nas mãos de outras pessoas está a transferir tudo aos brasileiros e portugueses. A produção de muitos programas da TPA é assegurada por brasileiros. A redacção está a ser entregue aos portugueses. Os nossos compatriotas angolanos estão a ser espesinhados pior que no tempo do colono. Digo pior porque naquele tempo o país “era deles”, sendo que a nós cabia o contentamento, era até “um favor” que eles nos faziam ao enquadrar negros nos órgãos de informção “deles”. Hoje não, o país é nosso. E isso é inaceitavel!


Há dez anos haviam se tantos uns cinco jornalistas com o curso superior em jornalismo ou comunicação social, e a TPA nunca parou e qualidade informativa que tinhamos e temos é a permitida pelo regime. Quantas vezes deparei-me nos corridores da redacção ou no Estúdio C (local onde são emitidos os noticiários da TPA) com jornalistas insatisfeito com o teor das notícias que eram obrigados a passar ao público... De jornalistas formados lembro-me de haver o Manuel da Silva acabado de chegar da Rússia, e mais uns poucos chegados de Cuba entre os quais o Manuel Muanza, o José Fucato e mais um ou outro. Mesmo com o curso médio não havia tantos assim. Eram menos de 15. Pode ser que esteja errado, mas a realidade é que com poucos quadros superiores eramos nós a aguentar o barco.


Então hoje que temos muitos profissionais com cursos médios, frequência universitária e muitos licenciados já não somos capazes de gerir a nossa TPA? Precisamos mesmo de estrangeiros para nos virem dizer que afinal nós não sabemos fazer informação, que anda tudo errado, e que agora mesmo é que se vai fazer informação a sério?


Numa sociedade em que as coisas funcionam de forma articulada, a TPA tinha que abrir um concurso público a anunciar a existência desta e de outras vagas que andam a oferecer aos estrangeiros, e passados alguns meses sem que no entanto encontrassem pessoal com o perfil profissional que se exige, então poderia-se procurar no mercado internacional. O sindicato dos jornalistas deve exigir um inquérito independente para investigar os meandros destes contratos. Será que em Angola não existe um só jornalista capaz de fazer o trabalho para o qual foi contratado um jornalista português?


O curioso é que a maka não está só na TPA. Na “RNA”, na “Rádio Mais”, na “TV Zimbo” ou no semanário “O País” a maka é a mesma.


No governo e nos deputados todos sabemos que não podemos contar com grandes apoios. O sindicato dos jornalistas, pelo menos, deveria usar a sua influência junto dos meios de comunicação social nacionais e das instâncias judiciais para impedir que essa pouca vergonha continue. A TPA é nossa!


Somos uma nação soberana e não podemos aceitar que nos batam no chão assim desta forma, seja por quem for.

 

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