Luanda - Os apressados dizem que Angola viveu em guerra nos últimos 30 anos. É verdade, mas não é toda a verdade. De facto, Angola viveu em guerra desde a noite em que foi proclamada a independência nacional. E assim continuou ao longo dos anos, até “à paz dos bravos” assinada em Luena.

Fonte: Jornal de Angola

ImageMas antes da independência Angola viveu as agruras de uma guerra colonial cruel e sangrenta, que matou e estropiou alguns dos melhores filhos do país. Se é verdade que nessa década de guerra as populações citadinas pouco sentiram os efeitos destruidores dessa guerra cruel, também é verdade que as populações rurais sofreram na pele - e de que maneira! - os efeitos do conflito, que muitas vezes assumiu a forma de massacre cobarde dos aldeãos indefesos. Nesta altura, milhões de angolanos tinham memória de outras guerras, não tão distantes que já estivessem esquecidas.

 

Estou a falar das chamadas “guerras de pacificação” desencadeadas após a Conferência de Berlim e que devastaram as populações do Centro e do Sul de Angola. Essas guerras foram antecedidas da mítica Guerra dos Dembos. Os mapas de Angola produzidos pelos cartógrafos portugueses apresentavam uma grande mancha, a Norte de Luanda, com o chamado “País dos Dembos”.

 

Essa guerra durou décadas e só terminou completamente na década de 20 do século passado. Pouco se conhece dessa guerra e o que se sabe, é contado pelos oficiais portugueses que comandaram os combates. Todos são unânimes que o “país dos Dembos” tinha forças que se batiam no terreno de uma forma quase impossível de vencer. Sucessivos governadores e chefes militares não se atreveram a enfrentar os exércitos aguerridos dos vários Dembos.

 

Pouco mais de 40 anos depois, o 4 de Fevereiro em Luanda e a Grande Insurreição de Março de 1961 voltaram a marcar o quotidiano dos angolanos numa guerra heróica de libertação nacional, desta vez não desgarrada e pulverizada por vários “potentados” mas pelo povo angolano proclamando “um só povo, uma só nação”. Foi então que Angola ganhou dirigentes políticos de eleição, forjados na luta de libertação.

 

Um desses dirigentes é José Eduardo dos Santos que ainda jovem estudante liceal decidiu juntar-se às forças que lutavam, num combate exaltante, pela liberdade da pátria e pela dignidade do povo angolano. O jovem dirigente político foi forjado no calor da luta, nos bons e maus momentos. E esteve sempre na primeira linha até ao dia em que os seus camaradas de luta o incumbiram da pesada tarefa de dirigir os destinos de Angola e dos angolanos, após a morte do Presidente Agostinho Neto.

 

Os detractores do nosso Presidente dizem que ele devia ser mais “mediático”, sujeitar-se aos ditâmes do “marketing”. Os que assim falam queriam um líder floclórico para fazer rir os palácios da Europa e da América, onde os destinos dos africanos são decididos por um anúncio grandiloquente, soando a beneficência, que depois não é cumprido.

 

Esse nunca foi o nosso Presidente. Quem foi educado nos sagrados valores da nossa luta também não podia adoptar o facilitismo da demagogia, cair no populismo ou dar circo a quem apenas estava sedendo de pão e justiça. Esse também não é o nosso Presidente. Populismo e demagogia podem ter efeitos imediatos e amigos de ocasião, mas não resolvem os verdadeiros problemas que se colocam ao povo, que nunca foram escondidos nem escamoteados. As responsabilidades foram assumidas sempre pelo nosso Presidente de uma forma aberta e serena tendo em conta que todos somos angolanos, independemente de sermos ou não permeáveis aos amanhãs que cantam, às promessas vãs ou aos que na ânsia pelo poder prometem tudo embora já tudo tivessem hipotecado.

 

O nosso Presidente conduziu a luta pela soberania nacional de uma forma serena mas firme e eficaz e superiormente inteligente. E a paz foi construída ponto por ponto, passo a passo, dia após dia. E quando a paz chegou e se consolidou, partimos para a reconstrução do país e das mentalidades. Agora o nosso Presidente ri e convive com todos, já deixa transbordar o afecto que tem pelo seu povo e pelo seu país. A paz revelou a verdadeira dimensão do nosso Presidente, um homem do povo, que sofreu ao lado do povo e com ele lutou em condições difíceis, mesmo insuportáveis para o comum dos mortais.

 

O nosso Presidente está feliz por, finalmente, poder construir um país onde é bom viver. Por poder dançar com os netos na festa do seu aniversário.Por poder fazer da região austral um espaço de paz e abundância. O nosso Presidente sabe que agora está aberto o caminho para todos os afectos.