Luanda - As Reservas Internacionais Líquidas (RIL) angolanas caíram quase 3% entre setembro e outubro, para 11.613 milhões de dólares (10.329 milhões de euros), renovando mínimos desde, pelo menos, 2009.

Fonte: Lusa

A informação resulta de dados preliminares de outubro do Banco Nacional de Angola (BNA), compilados hoje pela Lusa, sobre as RIL, que no espaço de um mês caíram o equivalente a 330 milhões de dólares (293 milhões de euros). Este registo soma-se à queda de 608 milhões de dólares (540 milhões de euros) no mês anterior.

 

Entre julho e agosto, estas reservas já tinham caído 15%, o equivalente a 1.340 milhões de dólares (1.191 milhões de euros).

 

A mais recente projeção governamental, que consta do relatório de fundamentação da proposta de lei do Orçamento Geral do Estado angolano para 2019, aponta para uma queda das RIL, até dezembro, para 10 mil milhões de dólares (8.891 milhões de euros).

 

Estas reservas, de moeda estrangeira e que também servem para pagar as importações, garantem as necessidades de seis meses de importações por Angola e tinham atingido em maio os 14.398 milhões de dólares (12.801 milhões de euros), que foi então o valor mais alto desde outubro de 2017.

 

As reservas contabilizadas pelo BNA são constituídas com base em disponibilidades e aplicações sobre não residentes, bem como obrigações de curto prazo.

 

O Governo angolano está a negociar um novo plano de assistência com o Fundo Monetário Internacional (FMI), com componente financeira, a três anos, que poderá chegar a 4.500 milhões de dólares (3.780 milhões de euros).

 

Desde as eleições gerais de 23 de agosto de 2017, que levaram à chegada ao poder de João Lourenço, eleito terceiro Presidente de Angola, estas reservas - que estão em mínimos desde 2010, após a intervenção, com apoio financeiro, do FMI - já caíram cerca de 3.000 milhões de dólares (2.665 milhões de euros).

 

O BNA tem utilizado estas reservas para vender divisas aos bancos comerciais e garantir a importação de alimentos, máquinas e matéria-prima para a indústria, que por sua vez estão a menos de metade do valor contabilizado antes da crise da cotação do petróleo.

 

No início de 2014, antes dos efeitos da crise provocada pela quebra da cotação do petróleo no mercado internacional, as reservas angolanas ascendiam a 31.154 milhões de dólares (27.665 milhões de euros).

 

Angola enfrenta dificuldades financeiras, económicas e cambiais, tendo o BNA aumentado a venda de divisas (euros) à banca comercial angolana, que está sem acesso a dólares face à suspensão das ligações com correspondentes bancários internacionais.

 

Entre agosto de 2016 e julho de 2017, o banco central - que atualmente é o único fornecedor de divisas à banca comercial - ainda aumentou a injeção de moeda estrangeira no mercado cambial primário, com vendas diretas aos bancos.

 

No entanto, a partir das eleições gerais de 23 de agosto de 2017, essas vendas por parte do BNA caíram fortemente.

 

Estas vendas feitas pelo BNA foram, entretanto, substituídas em 09 de janeiro pelo regime de leilão de preço com os bancos comerciais, que, em paralelo com a introdução do novo modelo de taxa de câmbio flutuante, definida pelo mercado, fez o kwanza depreciar-se cerca de 45% face ao euro.