Lisboa – A arquiteta angolana Ângela Cristina de Branco Lima Rodrigues Mingas, remeteu recentemente ao Presidente da República, João Lourenço uma missiva manifestando indisposição para continuar no cargo de secretária de Estado para o Ordenamento do Território na qual foi nomeada em Setembro de 2017.

Fonte: Club-k.net

"Ministra não lhe confiava trabalho"

João Lourenço reconsiderou o pedido e em seu lugar nomeou nesta sexta-feira (16), o arquitecto Manuel Marques de Almeida Pimentel, que exerce desde Fevereiro de 2013, as funções de director-geral do Instituto Nacional de Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano (INOTU).


Segundo apurou o Club-K, a  decisão de Ângela Mingas em descontinuar como membro do executivo foi impulsionada pelo desaproveitamento profissional a que estava remetida por conta de um clima de saturação entre si, e a sua superior, neste caso a ministra do Ordenamento do Território e Habitação de Angola, Ana Paula de Carvalho.


Personalidades em Luanda que atribuem a existência de uma relação surda entre a ministra e a demissionária secretária de Estado, alegam que a fonte do problema, estará na forma em que o governo do Presidente João Lourenço foi formado depois das eleições de 2017. Por norma, os ministros são nomeados e por sua vez são eles que  indicam - ao Chefe do Executivo -  o nome dos  secretários de Estados com quem desejam trabalhar. 


A ministra Ana Paula de Carvalho entrou para o governo central por sugestão do antigo Secretario Geral do MPLA, António Paulo Kassoma com quem trabalhou no Huambo quando ela exercia as funções de directora provincial do Urbanismo e Construção. Ao entrar para o governo, não lhe foi dada a oportunidade de escolher com quem queria trabalhar como secretario de Estado. Terá sido uma corrente não alheia ao actual secretario dos assuntos políticos do BP do  MPLA, Mário Pinto de Andrade que propôs o nome de Ângela Rodrigues Mingas como sua adjunta. 

 

A data da sua nomeação para o governo, Ângela Mingas era o mais notável rosto do Centro de Estudo e Investigação Cientifica arquitetura da Universidade Lusíada de Angola. A prior, foi a coordenadora do curso de arquitetura desta mesma instituição de ensino superior.

 

A Mingas, é-lhe atribuído competência denotada no profissionalismo com que se aplica na docência, acrescida a fama de ter pensamento próprio quanto  ao resgate do valor econômico de certos edifícios em Luanda dando a sua importância na valorização do patrimônio histórico da cidade. Fonte do ministério do Ordenamento do Território e Habitação alega que a ministra Ana Paula de Carvalho, “não se sentia bem com ela” e não lhe confiava trabalho, razão pela qual Ângela Mingas optou por pedir demissão do cargo e  dedicar-se  exclusivamente  a vida  académica. 

O anuncio da sua demissão aconteceu horas depois de ter apresentado uma dissertação a margem da exposição colectiva de arquitectura que teve lugar no Museu Nacional da Historia Natural de Angola, em Luanda.