Luanda - A divulgação a eito dos contornos que envolvem o processo de regeneração em curso na Sonangol E.P., pós término a onda especulativa e a êxtase que se havia apoderado do mercado financeiro angolano. Finalmente, ficou-se a saber (conhecer) algumas acções concretas, e nada sobre as metas que as subjazem, que corporizam o referido programa de regeneração (saneamento) da maior empresa nacional.

Fonte: Club-k.net

Não seria indiferente se no quesito formulado no intróito do presente texto a referência ao Estado fosse feita de modo directo e não indirecto, isto é, Estado personificado num ente autónomo (empresa pública” Sonangol”). Isto porque, é communis opinio que a Sonangol ante a hecatombe financeira (falência técnica) a que estava mergulhada fruto, entre outras razões, da dispersão da sua carteira de investimento precisa(va) urgentemente recentrar todo esforço gestionário para o seu core business.


Ora, uma coisa é a Sonangol deixar de ser accionista da Unitel, outra coisa bem diferente é, o Estado, seja porque veículo for deixar de participar na Unitel. Se a primeira variante é, perfeitamente, perceptível e desejável o mesmo não se poderá dizer da segunda.


Não podem ser critérios de racionalidade económica que ditaram tal opção a menos que, outras razões, refira-se as de natureza política, aconselham este desfecho. Pelos elementos que nos foram dados a ver e a ler, a Unitel, está no top 3 das empresas angolanas com maior EBITDA (Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization) resultados líquidos. Por esta via, menos percetível se tornam as soluções propugnadas. Como se diz no jargão futebolístico” na equipa que ganha não se mexe” ...


Do ponto de vista económico, as decisões de desinvestimento devem subordinar-se a uma estratégia clara e realista e visam acautelar objectivos específicos, de entre outros, reduzir a possibilidade de perdas, maximizar o preço de venda com base em alavancagens essenciais a serem exploradas por potenciais compradores, reduzir a exposição de certos mercados ou negócios. Estamos lembrados que este último é que ditou a alteração da posição do Grupo BPI, por recomendações da Comissão Europeia, na estrutura societária do Banco B.F.A.


Sendo o desinvestimento um acto corrente de gestão de activos, é recomendável, que seja feito, sempre que possível, numa lógica de transferência de investimento, reinvestido noutro activo ou sector (despesas de capital). Ademais, as privatizações não podem ser um fim em si mesmas. Portanto, se elas visam a eficiência empresarial seria um contra-senso privatizar activos altamente rentáveis para os cofres públicos.


Neste aspecto a política traçada pelo governo é pouco clara se não mesmo envolta em incertezas. Aliás, a julgar pelas notícias difundidas pelos media, o CEO da Sonangol, Eng.o Carlos Saturnino foi peremptório ao afirmar que a Sonangol (Estado) não tem estratégia quanto ao destino a dar aos activos que resultarem do eventual desinvestimento na Banca Comercial.


Na afirmação retro, onde está Banca Comercial pode ler-se, também, Unitel ou Galp.

Neste ritmo, a falta de uma estratégia clara e realista pode comprometer, seriamente, os objectivos delineados com a política de desinvestimento em curso.


Tomando em consideração critérios de natureza estritamente económica e à luz do até aqui expendido, apelamos a uma certa prudência e máximo de ponderação e que se deva a todo o custo resistir à tentação de se sobrepor questões políticas às económicas. Estas questões nem sempre se compatibilizam. Talvez devêssemos mesmo re(considerar) a manutenção do Estado na estrutura accionista da Unitel pela via, por exemplo, da criação de um outro veículo ( e não através da Sonangol) sob chancela, eventualmente, do novel instituto que gere os activos e participações do Estado( IGAPE).