Luanda - Primeiro, não existem contas únicas do tesouro, camaradas, existe sim, uma conta única do tesouro, onde todas as receitas do estado, sejam aduaneiras, tributária (salvo erro), alienação de patrimônio, emolumentos e outras são recolhidas, está conta é mantida pelo Tesouro nacional junto do Banco Nacional de Angola, (O caso dos 150M, transitado em julgado a alguns anos, teve como epicentro, transferências ilícitas a partir desta conta).

Fonte: Club-k.net

Segundo, As reservas internacionais líquidas (RIL), não são contas líquidas, mas sim activos aplicados, que asseguram aos investidores estrangeiros, que o estado angolano esta em condições de cumprir com as suas obrigações em moeda estrangeira nomeadamente dólares e euros para com eles e, serve de Backbone, colateral ou mais simplesmente de garantia para as operações de importação via CDI (Cartas documentárias de importação), ou outros e, pagamento de juros da divida externa.


Terceiro, Quando existe uma quebra nas reservas internacionais aumentam as variações no câmbio da moeda, logo se saímos de 28mil milhões para 15, está explicado o motivo de tal oscilação e a tentativa de contenção da depreciação da moeda nacional face a estrangeira com base na política do regime da Banda Cambial.


Quarto, Cofres vazios figurativamente, (creio) para fazer frente as despesas correntes do estado, pagamento de salários e honrar com os compromissos assumidos a curto prazo com fornecedores, prestadores de serviços, salários e outros, o que resultou no crescimento desproporcional da divida pública.


Quinto, Toda lenga lenga das OT, BT, OT-TXC, OT-NR, simplifica-se do seguinte modo, o grosso destes instrumentos foi emitido abusivamente para pagamento das dividas que o estado contraiu com os prestadores de serviço, o que levou estes últimos perderam liquidez, por não se conseguirem recapitalizar via descontos, com a depreciação da moeda e a recessão estima-se que se tenha perdido nas não indexadas mais de 30.8p.p, e nas indexadas face ao dólar mais de 70%. O estado pode e deve emitir OT’s e BT’s para se refinanciar no mercado interno, mas a pergunta é quem as comprou ? Quem as descontou ?


Foram descontadas, em que banco? Uma vez que todas as grandes empresas enfrentam problemas de liquidez e não se conseguem desfazer das OT’s que têm por antecipação, sem um aircut de quase 30% as vezes mais da metade 60%. E se os dados que tive acesso são realistas então que digam aquando da saída do Ex presidente quanto tinha a CUT (Conta única do tesouro).


Por outro lado, será que todas estas operações reverteram a favor do interesse público ?
Sexto, os salários, fornecedores, prestadores de serviços e outros não são pagos com as reservas internacionais liquidas (ou seja, com os tais 15mil milhões), mas sim, com os juros destes investimentos em casos especiais e de sufoco por assim dizer, pois as mesmas, estão de grosso modo aplicadas, para que não se informe mal as pessoas. A uns anos transatos os salários da função pública atrasavam por conta da espera destes juros. É imperativo que se saiba que a despesa do estado com a função publica até 2017 andava a volta de 1.2mil milhões, quer isto dizer, que se fossem estas reservas utilizadas para saldar os compromissos a curto prazo, elas durariam 12 meses e meio. E estaríamos numa situação igual ou pior que Venezuela.


Sétimo, O presidente João Lourenço, quero eu acreditar, que tem feito o melhor que pode, e tem andado a pedir empréstimos por que não temos condições para operar sem eles. Por outro lado, empréstimos não são o demônio, pois até as grandes potencias mundiais como os Estados Unidos se refinanciam com os títulos do tesouro vendidos a China, fazendo hoje da China o maior detentor mundial dos títulos do tesouro americano, logo o maior credor.


Oitavo, o modelo económico adotado pelo executivo passado foi a razão do ténue crescimento da economia real, este crescimento ficou e ficará comprometido enquanto não se substituir o pilar de cobertura de risco, que desde sempre foi público, e com a instrumentalização da justiça e das instituições estivemos a beira da falência das instituições logo o executivo do JLO tem estado a remendar e a concertar os erros de um passado recente, coberto de investimentos e operações financeiras duvidosas e, seria melhor não entrarmos por ai e, fiquemos no perímetro estabelecido.


Ajudemos o novo presidente a lutar contra estas forças ocultas insatisfeitas com a mudança e com a restituição da dignidade as instituições. Existe uma tentativa inusitada de reconverter o nosso modelo económico, assim como o formato de financiamento exterior sem recurso ao uso da nossa maior commodity o petróleo. Vamos acreditar que estamos salvaguardados, todas as grandes mudanças exigem grandes sacríficos, o tempo dirá quem está do lado da razão.