Washington  - Para Angola defender que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), cujos membros se reuniram por dois dias em Viena está semana, que está deve encontrar "soluções" para estabelecer um "preço justo" do barril de crude, descreve no mínimo, a visão rudimentar do nosso Executivo.

Fonte: Club-k.net

Notícias de última hora, confirmam que, a OPEP, concordou na quinta-feira com um acordo preliminar para cortar a produção de petróleo, mas ainda não chegou a um número final.


Segundo o ministro da Energia da Arábia Saudita, Khalid al-Falih, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo precisa da Rússia não-OPEP para participar com cortes.


Já em 2015 escrevíamos que em Angola, peritos em economia na maioria das vezes, eram aqueles que defendiam uma política macroeconómica não ortodoxa, e que no fim, a bajulação, tornava-se notavelmente no ingrediente mais importante, da análise em curso por estes gurus.


Não pretendemos aqui, assumir que somos peritos no sector dos petróleos, mais tenho uma visão humilde sobre o sector, e é esta visão que pretendo partilhar.

 


Minha análise remonta do anúncio feito no dia 15 de Outubro de 2015, durante a cerimónia solene de abertura do ano Parlamentar que dizia: “ o Executivo criou também uma Comissão de Avaliação para estudar a situação da Sonangol e do sector dos petróleos e propor as bases da sua reestruturação e de um modelo de gestão mais eficaz e eficiente”, disse Manuel Vicente, um insider do sector que o tornou bilionário e em representação do Chefe de Estado, Pai da Nação e Arquiteto da Paz hoje Ex-Presidente.


Em economia moderna, eficiência na gestão de uma firma, é em si uma arte que não é para neófitos que foram desmascarados naquele discurso a Nação, como gestores que não foram eficazes e eficientes, se calhar desde a incorporação da Sonangol que transitou de unidade pública durante o mono e agora como uma EP. O estranho até hoje, é que esta EP, só apresentava os seus relatórios de conta, ao então Presidente e não ao Sector Empresarial Publico ou ISEP, ambos pertencentes ao Ministério da Economia. Será que agora com o país com um novo rumo, ainda é xiste alguma razão para uma empresa pública, não prestar contas a um órgão oficial por onde passam as outras EPs e comparticipadas? Esta atitude, no mínimo devia ser suspeita e responsabilizar directamente a má gestão da Sonangol ao antigo Presidente. Já dizia o velho adágio que “ quem não deve, não teme”.


A Sonangol EP, sempre viveu momentos de interferência do Executivo, ao tentar adoptar os modelos de gestão modernos, sempre contra a mão invisível do Executivo de JES e com fins não muito lineares. O Despacho Presidencial 131/14 de 11 de Junho, foi mais do que claro, em ractificar aquilo que pode ser classificado como a outorga de um atestado de incompetência a Sonangol em termos de gestão imobiliária pela sua subsidiária SONIP. O que não se sabe ate aqui, é a totalidade dos valores investidos pela Sonangol nas centralidades do Kilamba, Sequelle Dundu e outras diretamente ou por troca de petróleo com a China.


Nunca achei que uma empresa como a Sonangol, por exemplo, devia meter‐se em negócios de criação de aquários para reprodução de peixe. Quando isto acontece, além de fugir‐se do objeto social, para o qual uma petrolífera é vocacionada, (perguntem a BP que já o fez), não funciona. Por isso, foi um erro do Executivo ter autorizado a Sonangol, envolver‐se em projetos de habitação, fábricas de combustíveis, Fabrica de Cimento da Cimangola e do Kwanza Sul, ou no sector da aviação, etc. A Sonangol, por ter sido o banco de alguns, a passada e presente má gestão, levou a petrolífera a falência técnica que vive hoje, mesmo que esta ainda masoquistamente o tente negar. É que os números não mentem, neste caso específico, eles contam uma história de desvios e roubos pelo próprio Executivo e gestores passados e presentes. Esta conclusão só pode ser desafiada por um analista ou economista com licenciatura em bajulação.


Assim sendo, vamos propor aqui, algumas premissas económico‐cientificas, e com cenários possíveis. Sabemos que Angola teve um PIB em 2012 de USD 126.2 biliões e que isto posicionou a economia angolana no mesmo ano no 66o lugar. Se tomarmos em conta que o preço do petróleo rondou acima de USD 100 o barril, Angola no mínimo arrecadou cerca de USD 400 biliões desde 2012 até 2014, data do início da queda dos preços do petróleo e que levou a actual crise segundo os melhores economistas do regime. Mas que o país não sabe como foi gasto esse dinheiro todo, ninguém pode negar.


Só em termos de curiosidade, isto representou uma fatia de USD 16.6 Milhões para cada um dos 26 milhões de habitantes durante o triénio em análise. Se o PIB em referencia, fosse equitativamente usado ou distribuído para os angolanos, esta teria sido a fatia cabimentada para cada um de nós. Tristemente, para os 90% da populaça angolana, a aritmética mais realista foi a de sobreviver com USD 1 dólar dia e que. Ada mudou até hoje 2018.

 


Se a Comissão de Avaliação, a qual fizemos referência tivesse sido seria, a relação de Angola com a OPEP já teria mudado a muito tempo. Angola, deveria ter deixado bem claro nesta, e noutras reuniões da OPEP, bem claro que a Arabia Saudi, considere urgentemente cortar sua produção, para possibilitar a subida do preço do crude. Se isso não acontecesse, então, Angola à semelhança do Qatar, estaria de fora da OPEP nos próximos meses. Isto não é chantagem, mas senso comum e patriótico.Todavia, acredito piamente que só um Executivo com “bolas” do tamanho da Eiffel Tower ou pelo menos do edifício sede da Sonangol, poderia propor e sustentar uma decisão colossal e dessa magnitude.


Feitas as contas, vejo Portugal, Brasil, França, India e China como países de maior relevância para a economia de Angola do que a Arabia Saudita, governada por uma ditadura que só pensa em si e na sua família real.


Para que Angola produza com sucesso, café, cana‐de‐açúcar, sisal, milho, óleo de coco, amendoim, batata, repolho, e outros bens de consumo parte da sexta básica, precisará de um sector agrícola mas vibrante e de um Ministro da Agricultura, que sabe o que diz, e um BDA mas eficiente e menos incompetente como o atual liderado pelo criador de muitos projectos no ministério da economia que todos foram a falência.


Quando aos investimentos no sector minério, sobretudo nas áreas de diamantes, petróleo, ferro, cobre, manganês, fosfatos, sal, mica, chumbo, estanho, ouro, prata e platina, para que estes possam conhecer novos investimentos, os monopólios devem mesmo ser confinados a história. Mas a vara mágica aqui p, deverá ser um novo regime de exploração destes minérios p, que quando entregues a empresas angolanas que já tenham alguma experiencia no ramo, e com parcerias estrangeiras, possam mesmo apresentar resultados.


A província do Namibe como exemplo, possui grandes depósitos de urânio, as Lundas com grandes depósitos de diamantes e Cabinda com mais de 50% do ouro negro. Mas se olharmos para as assimetrias provinciais, já há quem mesmo diga que foram propositadas pelo antigo Executivo para essas regiões, e agora esperamos que JLO venha inverter o quadro.


Quando ao parque industrial, aqui o antigo Executivo devia ter vergonha e reconhecer o quanto destruiu este sector. A produção de açúcar, cerveja, o cimento, madeira e o refinamento do petróleo, são para Angola sectores que deviam merecer não só proteção contra Portugal, Africa do Sul, Brasil e China, mais aplicando mesmo as leis da própria Organização Mundial do Comercio, isto por estas serem indústrias e sectores ainda embrionários estratégicos.


Por muitos anos, tivemos Ministros e Governantes que não pensavam por si, ate que o Camarada Presidente orientasse para eles. A evidência deste sintoma vergonhoso, esta nos discursos de todos os membros do antigo Executivo, que sempre quando falavam em público, tinham sagradamente que dar credito ao Chefe, não sei porque eles eles eram pagos se o chefe tinha que pensar tudo. Resultado é o que vemos, o colapso total do parque industrial do país, ao ponto de não podermos produzir sal soficiente para consumo interno.


No Sector dos transportes por exemplo, o Executivo engana‐se em concluir que tem feito o seu melhor. Não se pode falar do crescimento do PIB, sem este sector funcionar como alavanca de outros sectores. Se não vejamos:
O sistema ferroviário de Angola, composto por cinco linhas que ligam o litoral ao interior, pode‐se destacar o Caminho de Ferro de Benguela ( CFB) Caminho ferroviário de Luanda ( CFL) Caminho Ferroviário de Moçâmedes Ferroviário (CFM). Sendo que o CFB faz a conexão com Catanga na RDC, e Zâmbia, porque então o corredor do Lobito ainda não esta a trazer mais‐valia para o país? Aqui há uma tremenda falta de eficácia e eficiência. Os altos custos de investimento feitos neste sector não justificam os ganhos e receitas actuais. Haja seriedade novo Executivo.


Os portos de Luanda, Benguela, Lobito, Namibe e Cabinda que deviam ser os mais movimentados, dependeram por muito tempo de embarcações Chinesas que descarregavam em nome da Casa Militar, sem muitas vezes pagarem os impostos aduaneiros. Isto foi má gestão.


Também para que a economia angolana, seja mais vibrante e diversificada, que haja seriedade, eficiência e eficácia na aventura que o Executivo tem tentado com a Bolsa da Divida e de Valores de Angola (BODIVA) como mercado secundário da divida pública. A divida corporativa, quando introduzida na base de contabilidades e auditorias das empresas nacionais, e o preconizado mercado accionista, quando mal geridos, estarão lançados os fundamentos de mais uma crise económica que só será nossa.


Voltando para a Economia da Arabia Saudita, sabemos que esta é baseada na exportação do Petróleo, mas com um forte controlo governamental. Na Arabia Saudita, não existem as BP, Chevron, Total, Cabinda Golf, Shell etc. Neste país, a exploração do crude é da responsabilidade da a ARAMCO , o que a Sonangol não conseguiu em mais de 40 anos de sua existência. Tem que se reverter este quadro.


Aqui, notamos também, que mesmo ocupando o 2o lugar em termos de reservas mundiais, somente atras da Venezuela, a Arabia Saudita, é o maior exportador de petróleo do mundo. Esta é de facto a razão de sua posição como líder incontestável da OPEP. Sendo que o sector petrolífero deste país é responsável por 75% das receitas orçamentais, 40% do PIB e 90% das receitas de exportação com somente 35% do PIB proveniente do sector privado a sua economia e assim mais vibrante e preparada para qualquer desaceleração económico. Angola deve almeja ter esta posição.


Ser membro de um Cartel liderado por um pais com essas características, que tudo que pretende é defender a sua posição no mercado internacional do crude, não é uma opção saudável para Angola.


O Brasil não é membro da OPEP e não vive desvantagens em termos de produção e exportação por não ser membro do cartel. O Brasil produz dentro de sua fronteira de possibilidades, sem limites do algum Cartel. Então porque Angola ingressou a esse Cartel? Para ser assim penalizada e quase de hoje de joelhos conforme vimos nas declarações do nosso Ministro Azevedo?


Finalmente a verdade que pode doer, consiste no facto de que, mas uma queda do preço do petróleo bruto ao seu nível mais baixo do que já foi, não só levará a moeda angolana a mínimos históricos, como mergulhará a economia do segundo maior produtor de petróleo da África em crise.


Sabemos que apesar dos recursos petrolíferos e diamantíferos, que são abundantes no nosso país, Angola sofre de uma pobreza endémica, com mais de um terço da população de cerca de 26 milhões vivendo abaixo da linha da pobreza, de acordo com as Nações Unidas.


A queda e a crise do preço do petróleo, está causando ainda mais sofrimento aos pobres, que já sofrem, e corre o risco de causar convulsões sociais. Tem que haver uma gestão seria deste recurso, e do país: para tal, todos somos poucos.


* Consultor Económico