Brasil - Aproveitando os fatos vamos falar sobre o nosso adorável embaixador. E que agora se tem revelado um desastre como administrador e gestor, também, pode ser considerado como o militante número um do MPLA. Ele mesmo dizia isso lá na Ilha da Juventude, em Cuba, onde foi embaixador e torturador de dezenas de estudantes Angolanos. Tortura e espancamento em plena praça estudantil era o que melhor podia fazer Mawete João Batista quando foi Embaixador em Cuba, para mostrar o seu fervor revolucionário.


* Nelo de Carvalho / Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
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O País das Aranhas(XIII)

E os motivos de tal atitude era nada menos porque os estudantes atrevidamente engraçaram-se em reivindicar um direito fundamentado pelo estado Angolano: de que todo estudante angolano ( fora do país) em poder do Estado tinha direito a uma bolsa de estudo e que mensalmente devia vir acompanhada com uma gratificação financeira. Para Mawete a reivindicação pelo atraso da gratificação era falta de espírito revolucionário, falta de consciência que podia ser punido pela truculência e a brutalidade de um ex-guerrilheiro que se sentia o militante número um do MPLA.

 

Todos já soubemos que o sacrifício exigido aos angolanos nos tempos de guerra e até hoje não é o mesmo para cada um dos mortais angolanos. Ao longo dos trinta anos uns tiveram que lutar mais, sacrificarem-se mais e sofrerem mais, mesmo quando todos estivessem supostamente nas mesmas condições sócio-políticas e culturais. Em plena época da guerra fria onde o Socialismo se digladiava em mostrar suas façanhas contra uma sociedade caduca ( o Capitalismo) e injusta promotora da escravidão e do colonialismos, a Ilha da Juventude para os Cubanos, podia ser tomada como um exemplo onde a construção de uma educação para se forjar um homem novo era possível. Essa era com certeza a grande intenção de todos, não é a toa que o mesmo lugar chamava-se Ilha da Juventude. Era precisamente para enfatizar que aquele lugar era um celeiro de exemplo na formação de uma nova geração que pudesse servir de exemplo para o presente e até mesmo o futuro. Nada de errado em tudo isso. Quem não se confraternizaria com essa grande idéia, com esse sonho dos homens que desceram das montanhas da Sierra Maestra? Esse artigo, aqui, não está criticando, jamais, esse sonho: acertado e elegante. Um sonho de gente civilizada e culta dispostos a colaborarem sempre com o próximo e fazerem do sofrimento dos outros e da dor dos outros, a sua dor e o seu próprio sofrimento.


O objetivo aqui é a critica ao procedimento e a atitude, até mesmo selvagem, de certos indivíduos. Num processo que poderia ser muito mais belo se os mesmos, por providência e desgraça, não se cruzassem nunca no caminho deste sonho. A desgraça e a nódoa mais marcante que carrega esse sonho, em minha opinião: chama-se Mawete João Batista. O eterno e, talvez, o incompetente Embaixador Mawete João Batista. Talvez, porque esse é o tipo de cargo público, ao menos em Angola, onde até os burros expostos detrás de uma carroça podem exercer.


A contra crítica já deve estar dizendo. Ah..! É o mesmo Nelo de sempre chamando burros aos outros. É bem verdade que se a burrice do nosso diplomata aqui mencionado limitasse-se só a ficar atrás das carroças que devia puxar, o desastre naquela obra de educação na Ilha da Juventude não seria maior. A verdade é que pode-se ser burro sem ter a necessidade de ser um espancador, torturador e covarde. Mesmo quando se é um ex-combatente e guerrilheiro do MPLA dos lindo 14 anos contra o colonialismo português. Isso não dá direito nenhum a massacrar estudantes em plena praça pública, humilhá-los e persegui-los com a turma de chimpanzés que se dizem ( ou diziam) ou se sabiam serem secretários e seguranças do dito embaixador. Era uma verdadeira quadrilha de torturadores pondo em prova o seu descontento contra os estudantes por uma famigerada bolsa mensal que já estava atrasada talvez há mais de dois anos.


Porque dizer isso aqui, e agora, e por esse articulista: Primeiro, porque este último como os mais de dois mil estudantes angolanos, na época em que Mawete era o Embaixador Angolano em Cuba com todos os poderes possíveis, é testemunha ocular de tal selvageria ( já mencionamos em cima); segundo, é bom que o Camarada Presidente, de vez enquanto, fique sabendo dos desastres que seus funcionários cometeram e vivem cometendo ao longo desse tempo para que na hora de eleger os mesmos com o objetivo de exercerem novas funções pense melhor; terceiro, que a Ilha da Juventude, onde quase passaram mais de dez mil angolanos com a missão simplesmente de estudarem, formarem-se e serem alguém na vida, não era uma frente de combate onde os furiosos comandantes do MPLA pudessem pôr a prova e em exercício os seus “valorosos” nervos de aços; quarto, a maioria dos estudantes angolanos na Ilha da Juventude, éramos, sim, pobres, mas o modelo usado de educação pelos cubanos para todos os estudantes que passaram naquela Ilha ( estrangeiros e cubanos) era tido como um dos mais modernos e sofisticados do mundo. Por isso mesmo, não se justificava e nunca se entendeu, o porquê que os estudantes angolanos na Ilha da Juventude, sofriam discriminação até do próprio governo angolano, quando se tratava de comparar esta comunidade com os estudantes angolanos que estudavam na Europa. Quando este mesmo governo chegou a reconhecer várias vezes que aquela comunidade era a melhor das comunidades angolanas em todo Mundo! Quinto e último, está revelação, ou supostas denuncias às atitudes do nosso ilustre embaixador não podem serem vistas como um ato de vigança de quem quer que seja, ao contrário, o propósito é sempre fazer com que num futuro ou presente esse tipo de procedimento não se repita por nenhum dos pretexto existente. Já que educar não é, jamais, violentar!


Há uns tempos atrás li no jornal de Angola de que alguém que estudou e andou pela Ilha da Juventude doou-se para descrever ou escrever uma espécie de memória coletiva sobre os ex-estudantes angolanos da Ilha da Juventude. Até hoje por razões e motivos justificáveis não tive a oportunidade de ler essas memórias. Mas adianto que não gostaria, jamais, de estar em frente de tal missão( escrever). Admiro esse colega por encontrar inspiração suficiente para escrever tal trajetória: num lugar onde se incutia a galera ( no caso o grupo ou a turma de estudantes) de que todas as obras humanas já estavam realizadas, e quem estava aí só estava recolhendo benefícios – pelo menos aparentemente entre os angolanos. Benefícios vindos do sacrifício e da luta das gerações do passado. No contexto angolano, aqueles que lutaram contra o colonialismo português e daqueles que na mesma época travavam a guerra em Angola contra os Sul Africanos. E de que qualquer queixinha estudantil era como chorar de barriga cheia, não se aceitavam reclamações e muito menos reivindicações onde se acusavam lideranças de desviarem as bolsas estudantis. Sendo um morador daquela Ilha ao longo de oito anos não encontraria prazer, fonte de inspiração e emoção suficiente para descrever detalhes sobre a vida dos estudantes, em particular na Ilha da Juventude. Que é preciso reconhecer, como toda a vida de estudante, não é uma vida tão alegre, mas também, e sempre, tem o seu charme e onde a esperança adorna todas as pretensões românticas.


Em nome dos Estudantes Angolanos naquela Ilha, ou mesmo em Cuba, o Mawete João Batista deveria ser acusado por todos esses estudantes. E até mesmo pelas autoridades cubanas, por abuso de poder, violência desnecessária, espancamentos e torturas; ser julgado e condenado. Mas já soubemos que nesse país, que nunca foi de ninguém, e que no passado era dos colonos portugueses e hoje dos comandantes e generais do MPLA, a lei nunca existe para estes últimos.


Assim, só nos resta lamentar. E mais uma vez chorarmos pela humilhação em que aquela comunidade passou por reivindicar um direito que era seu.