Luanda - Estas foram as palavras do Presidente João Lourenço, numa tonalidade sarcástica, ao responder a pergunta do jornalista da Rádio Despertar na sua entrevista coletiva aos jornalistas.

Fonte: Club-k.net

É bem verdade que pode ser dito em forma de uma brincadeira, porém, faço uso das palavras de Sigmund Freud “brincando pode se dizer tudo, ate mesmo a verdade”, ou mesmo parafraseando o famoso humorista Charlie Chaplin da nossa infância, “muitas das vezes falei a verdade, brincando”.

 

Portanto, levando em consideração estes aspectos, podemos então chegar à uma breve conclusão de que as suas palavras não foram aleatórias, mas sim, são fruto de uma crença pessoal, que sabemos que ele tem direito.

 

Porém, a nossa intriga parte do fato de que o povo na qual ele governa, segundo as suas próprias palavras na mesma entrevista, é majoritariamente cristão e ainda afirmou a importância das igrejas na organização social. Tanto que o último censo nos revelou que cerca de 80% desta população se declara cristã. Entendo que igreja no campo religioso, é um termo cristão. Sendo assim, o que conseguimos perceber nas palavras do detentor do poder executivo é que demonstra uma falta de valorização das crenças ou, talvez, da crença mais importante do povo pelo qual governa, pois, tal termo demonstra um grande desrespeito ao seu povo.

 

É bom se atentar ao fato de que, (o que não vou me aprofundar por aqui para facilitar a leitura) as negações em relação a ressurreição de Jesus não são tão antigas quanto parecem, aliás, foram intensificadas pelo ciclo de Viena na Áustria, a quando da implementação do método científico neo-positivista, portanto, eliminando outros aspectos de observação e busca da verdade, que são, a metafísica e a filosófica.

 

Já que a literatura é o elemento que nos comunica a verdade, temos fatos comprovados historicamente sobre a ressurreição de Jesus e a sua ascensão, tanto que, ate o século X, pelo menos, mais de 5 mil cópias do Novo Testamento já tinham sido produzidos e mais, na época em que o cristianismo ainda não tinha galgado os favores do império romano, milhares preferiram morrer por esta verdade e, se é que ele e sua equipe têm esta informação, nunca existiu, não existe e, me parece que nunca existirá nenhuma verdade pela qual muitos optam por morrer do que este fator que ele despreza.

 

Reitero ao fato de que o senhor Presidente tem o direito de acreditar no que quer, porém, é uma grande ofensa desprezar a principal ou talvez pilar do povo em que governa, ou seja, governa-lhes sem valorizar as suas crenças; temo que isto se aprofunde e se espalhe cada vez em outros âmbitos.

 

Anselmo Muanda, Mestre em Ciências da Religião