Luanda - Cerca de 40 empresas, cinco delas angolanas, estão inscritas para o leilão de sete diamantes, um deles quase com 115 quilates, que vai decorrer "online" a 30 e 31 deste mês, indicou hoje o presidente da empresa estatal diamantífera.

Fonte: Lusa


Numa conferência de imprensa, em Luanda, para o anúncio oficial da iniciativa, o PCA da Empresa Nacional de Comercialização de Diamantes de Angola (Sodiam), Eugénio Bravo da Rosa, salientou que o leilão, através de uma plataforma eletrónica, contará com licitações fechadas, pelo que ninguém saberá das ofertas uns dos outros.

 

As licitações das sete "pedras especiais" (assim consideradas por ultrapassarem os 10,8 quilates), podem começar a ser efetuadas a partir das 00:00 locais de quarta-feira (23:00 em Portugal) na plataforma www.sodiamsales.com, encerrando às 12:00 locais de quinta-feira (11:00 em Portugal).

 

Os resultados do leilão serão divulgados ou na tarde de quinta-feira ou na sexta-feira de manhã, garantiu Eugénio Rosa.

 

"Queremos fazer de Angola uma praça de relevo no mercado diamantífero mundial, agora que o país tem uma nova política para o setor, que lhe deu a modernização e uma maior transparência, dando-lhe também credibilidade e maior eficácia e colocando-a nos patamares internacionais", sublinhou Eugénio Rosa, salientando que a mudança de paradigma "veio para ficar".

 

Os sete diamantes - de 114,94, 85,24, 75,62, 70,08, 62,05, 46,17 e 43,25 quilates - são todos oriundos da Sociedade Mineira do Lulo, na província da Lunda Norte, "zona que tem um grande potencial para novas pedras especiais".

 

Nesse sentido, o presidente do Conselho de Administração da Endiama, empresa diamantífera, José Manuel Ganga Júnior, admitiu a possibilidade de Angola vir a participar, até ao final do ano, "em cinco ou seis" leilões em plataformas internacionais, tudo dependendo da "quilatagem" dos diamantes que, entretanto, forem encontrados no Lulo.

 

"No passado, estávamos a ter prejuízos médios na indústria mineira de 300 milhões de dólares por ano e os investidores desapareceram, porque o comprador estava à partida definido. A partir de agora, não haverá futuro no mercado diamantífero a médio e longo prazos sem se falar de Angola", vaticinou.

 

Por seu lado, o ministro dos Recursos Minerais e Petróleos angolano, Diamantino Azevedo, salientou a importância de Angola estar já a mostrar ao mundo o potencial do país.

 

"Queremos alavancar o setor mineiro, pois Angola é o quinto maior produtor mundial e tem ainda um grande potencial. Queremos dinamizar o setor socioeconómico com a nova política de comercialização dos diamantes [aprovada em julho de 2018 por via de um decreto presidencial], já regulamentada, e estamos já a mostrar ao mundo que Angola está no mercado de forma transparente", sublinhou.

 

Sobre se o Governo ou a Sodiam e a Endiama têm projeções de quanto poderá arrecadar-se com o leilão das sete "pedras especiais", Diamantino Azevedo, Eugénio Rosa e Ganga Júnior optaram por não especular, embora o PCA da Endiama tenha dito à agência Lusa, na semana passada, que 16 milhões de dólares (13,9 milhões de euros) "seria bom".

 

"Mas tudo é sempre muito relativo. Não sabemos se aparecerá um xeque qualquer que decida comprar o diamante mais valioso por um preço que deixe longe todas as restantes ofertas", brincou, então.

 

Questionados hoje pela Lusa, Eugénio Rosa e Ganga Júnior indicaram que, com o leilão dos diamantes, o Estado arrecadará sempre 7,5% do montante leiloada (5% em royalties e 2,5% referente ao imposto industrial antecipado).

 

Segundo as previsões dos operadores do setor, aguarda-se para 2019 que as empresas diamantíferas possam colocar no mercado 1,3 mil milhões de dólares (1,13 mil milhões de euros) em diamantes, sendo que, em receitas fiscais, o Estado angolano arrecadará sempre 25% do valor total.

 

O maior diamante encontrado em Angola, comprado em 2016 pela joalharia suíça De Grisogono, de Isabel dos Santos e Sindika Dokolo, foi transformado numa joia rara de 163,41 quilates e, entretanto, vendido, em leilão, pela Christie's, por 34 milhões de dólares (29,7 milhões de euros).

 

O diamante, o 27.º maior em todo o mundo, tinha originalmente 404,2 quilates e sete centímetros de comprimento, quando foi encontrado, em fevereiro de 2016, por uma empresa mineira australiana também no campo do Lulo.