Luanda - O ministro de Estado e do Desenvolvimento Económico e Social angolano, Manuel Nunes Júnior, apelou hoje à participação e investimento dos empresários britânicos no processo de diversificação económica de Angola, apoiando sobretudo projetos no setor da agricultura.

Fonte: Lusa

O apelo foi feito durante o Fórum de Investimento Privado Angola/Reino Unido, que decorreu em Luanda, organizado pela InvestAfrica, com o apoio do Ministério das Relações Exteriores (MIREX) e da embaixada de Angola no Reino Unido e Irlanda do Norte, em coordenação com a Câmara de Comércio Angola/Reino Unido.

Perante representantes da principal organização britânica focada no apoio comercial e na elaboração de estratégias de investimento dirigidas a líderes de negócios, investidores e empreendedores, Nunes Júnior salientou que o potencial agrícola de Angola é "imenso" e que um dos objetivos do Governo é tornar o país "autossuficiente na produção de alimentos" nos próximos cinco anos.

Nesse sentido, convidou os empresários da InvestAfrica, cuja rede global integra mais de 440 membros, entre empresas multinacionais, investidores privados, gestores de fundos, decisores políticos e empreendedores, a apostar no setor agrícola angolano pelo facto de o país dispor de solos férteis e de recursos hídricos em abundância.

Nunes Júnior realçou que mais de 70% da produção agrícola do país provém da agricultura familiar e que esta é importante para criar empregos e combater a pobreza no meio rural.

Além da autossuficiência alimentar, o ministro angolano realçou a necessidade de uma atenção especial nas relações de cooperação no setor da Educação e do Ensino Superior, tendo em conta os avanços do Reino Unido nestes ramos.

Em relação à estabilidade macroeconómica, Nunes Júnior disse que Luanda está a trabalhar para que Angola não incorra em mais défices fiscais, tendo como meta saldos nulos ou superavitários nas contas públicas.

Por outro lado, referiu que as medidas tomadas pelo Governo em 2018 permitiram reduzir o défice fiscal de 6,3%, em 2017, para um superavit de mais de 1% no ano passado, admitindo que os "défices sistemáticos" em Angola resultaram no aumento dos níveis de endividamento do país, tendo a dívida pública passado de menos de 30% do PIB em 2013 para mais de 70% do PIB em 2017.

Sobre a inflação, assinalou que, em 2018, a taxa se situou nos 18,21%, quando o Orçamento Geral do Estado para o mesmo ano a previa para 28%.

Nunes Júnior salientou ainda que os pagamentos em divisas atrasados estão a ser regularizados e que os compromissos em moeda externa do país começam a ser honrados com regularidade.

O governante lamentou o facto de as relações de cooperação entre os dois países serem ainda muito focadas no setor do petróleo e gás e realçou a o objetivo de Angola acabar com a dependência do petróleo e edificar no país uma economia forte e sustentada.

O petróleo constitui hoje cerca de 95% dos recursos de exportação e mais de 70% das receitas tributárias do país, recordou.

No encontro com empresários britânicos participaram também os ministros angolanos da Economia e Planeamento, da Educação, do Turismo, Energia e Águas, dos Transportes e da Agricultura, bem como os secretários de Estado dos Petróleos e Recursos Minerais e da Construção e Obras Públicas.