Lisboa - É tratado entre os militares como “o filho do homem” – uma alcunha radicada na particularidade de gozar de uma antiga e sólida confiança do PR, José Eduardo dos Santos (JES) e, também, de agir em suposta representação do mesmo.


Fonte: Africa Monitor

Reflexo  da impopularidade

ImageA sua impopularidade entre chefes e comandantes militares, também presente na alcunha, coarctou sempre eventuais intenções de JES de o nomear ministro da Defesa ou CEMGFA.

Da história da sua vida como figura do círculo presidencial constam, aliás, cíclicos altos e baixos reveladores da forma como, em função das circunstâncias, favoráveis ou desfavoráveis, JES teve de conjugar a contradição entre a confiança pessoal que deposita nele e o mau ambiente a que o votam os militares.


A sua mais recente ascensão (nominalmente assessor para a Defesa, com a prerrogativa de dispor de gabinete de trabalho no palácio presidencial), ocorreu nas vésperas da fase final do processo que conduziu ao afastamento de Fernando Miala.

No seu relacionamento menos bom com os chefes militares estão referenciadas causas que persistem até aos dias de hoje:

 a) as suas tendências para interferir nas decisões do comando e chefia das FA invocando autoridade decorrente da sua qualidade de membro do gabinete presidencial;

 b) a condição de dirigir um aparelho de segurança e intelligence destinado a vigiar/garantir a lealdade dos militares e das FA ao regime;

c) a altivez com que aparentemente lida com os chefes militares. A melhor aceitação de que o chefe da Casa Militar, Gen M H Vieira Dias, goza entre os chefes militares (evidência sem reprodução no plano político), é considerada reflexo condicionado da impopularidade do assessor para a Defesa. Sabe-se que também lhe compete, por instrução directa do PR, acompanhar no campo do intelligence a situação nos países da região, em especial RD Congo e Rep Congo; a rede que opera na RD Congo, chefiada pelo Gen Nascimento Vaz, é a mais importante.

 Ultimamente vieram à superfície novos sentimentos de animosidade dos chefes militares devido às suas interferências num processo de promoção de oficiais generais, sobretudo as que beneficiaram alguns, como Zé Grande, Samucongo, Filó e Baltazar Pimenta, todos da sua confiança e colocados à frente de departamentos colocados sob sua alçada como a Segurança Militar, Contra-Inteligência Operativa, Inteligência Militar Estratégica e Batope.


A sua aceitação no meio militar também é prejudicada pela intenção que lhe é atribuída de promover a generais de quatro estrelas todos os chefes dos ramos – e ele próprio. A corrente que nunca passou entre ele e os chefes militares é algo que parece não desagradar inteiramente JES tendo em conta concepções de poder como a vantagem da existência de rivalidades e tensões entre sectores e responsáveis com acções equivalentes.