Luanda - Há cerca de seis meses , pontuei a presença do antigo Presidente da República, o Eng° José Eduardo dos Santos - JES no velório do nacionalista, filósofo e político e dirigente da UNITA, o Dr. Almerindo Jaka Jamba, como tendo sido um gesto de grande alcance e significado no nosso tortuoso e longo caminho para a reconciliação, que para mim seria mais correcto chamar -lhe de conciliação nacional.

Fonte: Club-k.net

Julgo ser importante referir que, já bem na ponta final da sua vida política activa, mas mais vale tarde que nunca, JES na qualidade apenas de Presidente do MPLA, procurou fazer uma descarga de consciência ao se propor a realização de actos de reconciliação nacional inéditos e de grande envergadura, nomeadamente: Reconhecer e elevar o Mais Velho Álvaro Holden Roberto e e o Dr. Jonas Malheiro Savimbi ao grau de Heróis Nacionais; conferir um funeral com honras de Estado ao Dr. Jonas Malheiro Savimbi e, por último, para curar uma das maiores e nefastas omissões da nossa história enquanto País independente, erguer um Panteão Nacional, onde estariam simbolicamente presentes os três país da Independência de Angola.


JES quis fazer estes gestos arrojados, diga-se de passagem, dando orientações à Bancada Parlamentar do seu Partido para que essa apresentasse à Assembleia Nacional e aprovasse uma Resolução que desse corpo à sua iniciativa, enquanto líder.


Não há a mais pálida dúvida de que JES, um político calejado pela sua longa carreira política, esperava tirar alguns dividendos, tanto não fosse para garantir uma saída definitiva da vida política "pela porta gande" que o aproximasse mais do seu desejo de "ser recordado como um bom patriota".


Todavia, também são inegáveis os efeitos positivos e estrurantes para o nosso frágil processo de (re)conciliação nacional que poderiam advir da sua iniciativa .


No entanto, JES foi traído pelos seus camaradas, transmutados em acérrimos lourencistas, mais interessados a empurrá-lo com os pés ou de qualquer outra forma, que viram na mediada do seu malquisto líder uma manobra que visava a consolidação da ideia da bicefalia, mas também uma oportunidade para promover o seu "novo deus".


Ao apresentar a sua ideia no Bureau Político, JES chegou mesmo de ser afrontado por um camarada seu que lhe disse o quão tarde era ele tomar tais iniciativas por se tratarem de questões de Estado, e que ele, JES devia ter pensado nisso enquanto fora o Chefe de Estado, como se a Assembleia Nacional, da qual JES, enquanto Presidente do MPLA se socorreria para legitimar, a sua iniciativa conferindo-lhe valor de uma lei não fosse também um órgão de soberania.


Fica, portanto, uma vez mais patente a noção de Estado arreigada nas mentes dos membros da cúpula do MPLA que o limita à medida do Presidente da República que e também é seu líder.


Na única (! ) audiência que João Lourenço - JLo concedeu ao Presidente da UNITA, Samakuva levantou o assunto das Exéquias do saudoso Dr. Jonas Malheiro Savimbi, Presidente-fundador da UNITA, ao que JLo, numa primeira fase se mostrou sensível.

Contudo, JLo recuou e foi em sentido diametralmente oposto ao de JES ao recusar, sem qualquer razão lógica um funeral com honras de Estado à Jonas Malheiro Savimbi, certamente por ter calculado que tal evento, pelas suas repercussões políticas, psicológico-emocionais ao nível nacional e não só, deitaria por água à baixo a sua fictícia popularidade, conseguida mais com recurso à medidas populistas e algumas até oportunistas que por mérito.


Quão sol-de-pouca- dura, à medida que vão surgindo os nulos e desastrosos resultados das famosas exonerações, arguições e medidas de coação, com destaque para algumas prisões preventivas que começam a dar em nada, as expectativas inicialmente geradas vão dando lugar à desilusões e frustrações e assim JLo vai sendo "despido na praça" da pseudo seriedade e credibilidade que muitos que agora se arrependem lhe emprestaram na sua simulada "intifada" contra a corrupção.


Desta vez, quero pontuar de viva voz a postura de JES e de alguns chefes de Estado da SADC, que se viabilizaram pela sua ausência, que espero ter sido propositada, no Kuito Kuanavale, para onde JLo se deslocou com convivas para celebrar uma vitória imaginária e presidir o festim do desenterrar o machado da guerra, num claro sinal de completo desprezo por todos angolanos que aí perderam as suas vidas.


O país não pode continuar refém de um homem, cuja agenda oscila entre a vingança e o simulacro!

JLo assumiu na Assembleia Nacional que a sua governação seria participativa, mas o certo é que a sua prática mostra o contrário.


O rotundo falhanço das suas iniciativas deriva, justamente do facto de dispensar a concertação política com todas as forças vivas da nação.


As exonerações foram o mais do mesmo;

o repatriamento de capitais não deu em nada;


a operação resgate tem se revelado um desastre com mortes e com o cometimento de atrocidades de toda a ordem por parte de agentes das forças de Defesa e Segurança;


da operação transparência já nem se ouve, talvez já tenha sido dada por finda em razão de peso de consciência. Afinal aqueles congoleses todos foram trazidos pelo MPLA para votarem em JLo!


Até a propalada luta contra a corrupção tem sido indevidamente reclamada por JLo como seu cavalo de batalha política, conquanto esta íntegra o fórum criminal e é matéria da responsabilidade dos órgãos jurisdicionais.


As anunciadas parcerias estratégicas, tanto com a Francofonia, como com a Anglofonia, de repente parece que já não são mais necessárias, porque entretanto acabamos "por voltar" com "os nosso irmãos" que nos colonizaram durante perto de cinco Séculos, mas de cujas "caridosas e obras obras" não temos, naturalmente "nenhuns ressentimentos".

Mal sentimos os efeitos das "benfeitorias" do FMI, o FBI já foi chamado à liça.


Enquanto isso, os "outros irmãos nossos" do Oriente, de olhos rasgados e visivelmente avermelhados de nervos observam o "game".


Os padrinhos do Leste, embora como o enigmático "olhar silencioso de Lenine" quão hienas famintas também observam as manobras...

Às tantas, já não existem marimbondos e traidores da Pátria, tudo fica em acordos de cavalheiros e o País se fica em nenhures.


Qual é afinal a Agenda de JLo?

O País precisa de se reencontrar.


Numa altura em que vida económica e social dos angolanos se degrada à uma assustadora velocidade é mister que JLo crie um clima que nos una a todos para juntos encontrarmos soluções.


Não foi bom ver JLo na exaltação da matança de angolanos, numa altura em que os nossos compatriotas da sua "Califórnia Natal" por si desamparados ainda choram os seus mortos e temem por mais.


A ausência de JES no Kuito Kuanavale foi mais útil que a presença de JLo ao mesmo tempo que brindou com a sua ausência as famílias das vítimas das intempéries do Lobito e as do desabamento das minas de ouro no Município do Chipindo, na Huíla.