Luanda - O jornalista Ismael Mateus exortou, este sábado, em Luanda, os profissionais da comunicação social a apostarem no jornalismo de investigação, para exercerem convenientemente o papel de vigilantes do processo democrático no país.
Fonte: Angop
“É fundamental que os jornalistas possam ter iniciativa de ir atrás de assuntos, não ficarem dependentes das agendas das assessorias de imprensa”, observou Ismael Mateus, que falava sobre a “intervenção dos mídias no combate à corrupção”, na abertura da campanha de moralização da sociedade sob a égide do MPLA.
Ismael Mateus, também membro do Conselho da República, disse que o jornalismo investigativo é uma modalidade que permite ir mais a fundo da realidade do país.
“É preciso garantir as condições para que os jornalistas vão atrás de matérias que as instituições não querem que se saiba. É ai que se exerce o papel de vigilante do processo democrático”, vincou.
Segundo Ismael Mateus, é necessário que o jornalista assuma, claramente, na sociedade o papel de vigilante do processo democrático, mas para tal é preciso que ele seja responsável dos seus actos e não andar a acusar pessoas sem nenhum fundamento.
Considera inaceitável o facto de alguns jornalistas fazerem acusações levianas e não lhes acontecer, rigorosamente, nada.
E atribui 90 por cento da culpa ao partido no poder “porque não tem criado condições para a carteira profissional, para que os jornalistas sérios possam fazer o seu trabalho e aqueles que não são sejam excluídos da classe”.
A par disso, notou que é preciso garantir condições para que os jornalistas não se deixem manipular pelos grupos económicos. “Não se pode pedir que seja quarto poder se depois os grupos económicos dominam a realidade dos jornalistas”.
De igual modo, defende que não se use os jornais como arma de arremesso entre políticos.
Todavia, observou que não está de acordo com a criminalização dos jornalistas no âmbito do Código Penal.
“Não é mandando os jornalistas para a cadeia que a gente resolve o problema é, isso sim, responsabiliza-los com processos cíveis, obrigando-os a pagar multa e, se necessário, pedir desculpas, vincou.
Na mesma cerimónia, o professor universitário Laurindo Vieira falou sobre o papel da escola no combate à corrupção.
Para o académico, é fundamental que se tenha um sistema educativo que reforce a componente axiológica, que vele por uma educação assente na justiça como um dos mais importantes modelos de educação da moralidade.
Adiantou que a educação deve partir na construção de um homem e de uma mulher orgulhosos não do seu poder, mas do seu ser.
Noutra vertente, a secretária-geral do Conselho de Igrejas Cristãs em Angola (CICA), reverenda Dorcas Tecas, dissertou sobre o papel da família e das organizações da sociedade civil no combate à corrupção.
Considerou a corrupção como parte da injustiça social, sendo que o seu combate deve envolver toda a sociedade.
Notou que a corrupção destrói a coesão social. “Não é possível haver administração pública eficiente sem o envolvimento de pessoas de carácter nos procedimentos de acompanhamento da governação”.
Para si, tudo que é verdadeiro e honesto deve ocupar a mente das pessoas.
A campanha pública para a Moralização da Sociedade decorrerá em todo o país sob o lema “Combater a Corrupção, o Nepotismo, a Bajulação e a Impunidade é garantir o futuro melhor e bem-estar às Famílias angolanas”.
No lançamento da campanha, na Tenda do Talatona, em Luanda, contou a presença de políticos, individualidades da sociedade civil, da academia, dos órgãos de justiça, da igreja em Angola, representantes do corpo diplomático acreditado em Angola, deputados, entre outros.