Luanda - Não fiquei surpreso com o decreto emitido na semana passada, pelo Presidente Joao Lourenço, ao cancelar as negociações de financiamento das operações de compra de aviões à Boeing e à Bombardier. Fiquei surpreso, porém, com as informações que davam conta de que, foi o Fundo Monetário Internacional que obrigou o Presidente a cancelar a autorização que ele tinha dado, para a compra de novas aeronaves para a nossa companhia aérea de bandeira, a TAAG.

Fonte: Club-k.net

Também na semana passada, observamos com certa doze de euforia, o poder da caneta do Presidente Joao Lourenço, quando anulou o concurso ganho pela empresa vencedora como a 4a operadora móvel, a Telstar, por esta não ter apresentado os resultados operacionais dos últimos três anos. A impugnação pelo Chefe do Executivo, declarou também o atestado de burrice to Ministro José Carvalho da Rocha que tentou em vão defender esta empresa e como esta ganhou o concurso.


Acrescente-se o cancelamento da compra de novas aeronaves, estes cenários todos, deixam analistas políticos e economistas da nossa praça, com uma simples interrogação: Houve ou não houve seriedade em montarem-se os estudos de viabilidade económica e due diligence ( DD) para estes projetos e durante o processo? Se houve, foram deveras montado por incompetentes e aprovado por dois Ministros que precisam de ter um sabático nas sua fazendas, a plantar batata (isso se sabem como) e não sujar a imagem do nosso Obama, JLO.


Os objetivos do Executivo de JLO, diga-se sem drama, a longo prazo eram para estabelecer um sistema integrado eficiente de transporte (TAAG) e telecomunicações (Ministério) como base para a integração física de Angola com a África e o resto do mundo, de modo a facilitar o movimento do tráfego aéreo, fomentar o comércio e permitir a realização do desenvolvimento económico auto sustentado para os angolanos.


Vale apenas voltar a história, e lembrar que em dezembro de 1944, quando o Presidente Norte-americano, Franklin Roosevelt e seus pares assinaram a Convenção de Chicago, que contém as regras básicas para aviação civil, eles enfatizaram que o futuro desenvolvimento da aviação civil internacional poderá ajudar e preservar a amizade e compreensão entre as nações e povos do mundo. Passados mais de setenta anos, esta visão, ainda esta para se tornar uma realidade em Angola e em Africa. Hoje, o transporte aéreo, é aceito como um pilar da nossa sociedade global, indispensável ao nosso dia-a-dia como o são a medicina, as telecomunicações, e essencial para o progresso social e prosperidade econômica de países como Angola.


O Executivo angolano, tem estado em bom caminho, ao tentar investir nestes sectores. Infelizmente, o Chefe do Executivo, não tem sido feliz em encontrar verdugos e tecnocratas capazes de responder a estes desafios colossais.


A indústria de transportes aéreos, não só sustentou a criação de riqueza no mundo desenvolvido, mas também trouxe enormes benefícios para as economias em desenvolvimento, liberando seu potencial de comércio e turismo. Esses benefícios para Angola, podem ser a sua contribuição valiosa para a criação de empregos e ao Produto Interno Bruto (PIB).


Por causa desta visão estratégica, o Executivo de JLO e a indústria de transportes aéreos e telecomunicações em Angola, deviam tomar decisões acertadas para garantir o crescimento contínuo e sustentável do sector de transportes aéreos de acordo com os requisitos de mobilidade que o país e o continente exigem. Isto porque conforme já esta provado, o sector dos transportes aéreos podem fornecer para o Pais significativos benefícios sociais como por exemplo:


• Os transportes aéreos, podem melhorar a qualidade de vida dos angolanos, ampliar o lazer e a cultura das pessoas e experiências.


• Eles podem fornecer uma ampla escolha de destinos de férias em todo o mundo e um meio acessível para visitar distante amigos e parentes.


• Os transportes aéreos podem ajudar a melhorar a vida, padrões e aliviar a pobreza através de empregos na área de turismo.


• Os transportes aéreos podem ainda fornecer os únicos meios de transporte para áreas remotas, eliminando assim as assimetrias regionais e promovendo a inclusão social.


• Os transportes aéreos, podem contribuir para a sustentabilidade e desenvolvimento do nosso país ao facilitar o turismo, comércio, gerando crescimento econômico, criar empregos, aumentar as receitas de impostos e fomentar a conservação de áreas protegidas.


• Uma TAAG com uma rede de transportes aéreos modernos, pode facilitar a entrega de emergência humanitária e socorro em qualquer lugar da terra conforme vimos com o ciclone Idai na cidade de Beira em Moçambique, por onde os transportes aéreos do mundo e os de Angola, garantiram a entrega rápida de medicamentos suprimentos.

Sei que existem em Angola peritos mais familiarizados com a nossa transportadora de bandeira TAAG. Se calhar, aqui eles concordarão comigo - que hoje em Angola voar de uma província para outra é muitas vezes um calvário e não um prazer. Estas viagens ainda são muito mais caras e os passageiros perdem muito tempo também nos aeroportos.


Se algum conforto, que não é, o problema não é só angolano, mas sim africano e ate mesmo Americano, (tente viajar de New York a Missouri, como eu já fiz, e vais te aborrecer com o números transferências e horas de voo). Senão vejamos como é voar entre as capitais da África Ocidental, isto de Freetown e Banjul – onde normalmente o voo devia ser de uma hora – e leva cerca de 24 a 72 horas. Isto é geralmente causado pela ausência de voos diretos. Normalmente, a proximidade entre essas duas cidades, já justifica a necessidade de voos diretos. Mas hoje, as vezes, os viajantes de Freetown precisam primeiro voar para Abidjan, na Costa do Marfim, e depois Dakar, no Senegal, antes de chegar a Banjul. Há casos em que os passageiros precisam voar primeiro de Freetown para Bruxelas, na Bélgica, antes de se conectarem a Banjul, o que surpreendentemente é mais barato e mais rápido.


Aqui a África não só está perdendo receitas, este problema não desaparece durante a noite, e nenhum governo africano parece estar interessado em resolvê-lo. As perdas econômicas devido às dificuldades no transporte aéreo deviam deixar a Equipa Económica de JLO muito atentos, mas a meu ver, nada têm feito, enquanto o resto da Africa como a Ethiopian Airways, a South African Airways, Emirates e primos asiáticos, e o Ocidente, colhem desenfreadamente os benefícios de um crescente mercado global de aviação do continente Africano.


Assim devido às políticas de modernização e incremento das frotas, como esta que o PR foi forçado a cancelar (ingerência, imperialismo do FMI???), as companhias aéreas não africanas hoje, controlam cerca de 80% do tráfego intercontinental de e para a África. Isto numa altura em que há mais linhas aéreas africanas do que nunca. Por isso a TAAG deverá nos próximos dias, procurar estar ativamente envolvida na busca de soluções para poder beneficiar-se dos nossos próprios mercados tanto o doméstico e coo global. O Governo tem que ser mais criativo e astuto. Tudo indica que se cabeças não rolarem, aqui havemos de voltar.


Pelo andar das coisas, tudo indica que a TAAG ainda é uma vergonha nacional, e os angolanos esperam melhor do Ministro Ricardo de Abreu e do Executivo de JLO. Quadros capazes para concretizar esta visão e estratégias, tanto no sector da aviação civil, sector marítimo, rodoviário, ferroviário e telecomunicações, existem pelo país a fora esperando por uma oportunidade para contribuírem. Mas isso só será possível, se houver transparência no recrutamento e nomeações nos respetivos ministérios de tutela.