Luanda - O Reino Unido aconselhou hoje os cidadãos britânicos a restringirem-se a viagens essenciais ao enclave angolano de Cabinda e alertou para a "elevado índice" de criminalidade na capital de Angola.

Fonte: Lusa

As recomendações e alertas estão contidos num comunicado do Departamento de Estrangeiros e da Comunidade Britânica, hoje emitido, desaconselhando os britânicos a percorrerem as ruas de Luanda no período noturno.

 

"Existe um elevado índice de criminalidade em Luanda. Assaltos com agressões, sobretudo para roubar telemóveis e outros valores, e assaltos com arma de fogo podem ocorrer em qualquer lugar a qualquer hora do dia ou da noite. As áreas onde se deslocam os estrangeiros são alvos preferenciais", alerta o Governo de Londres.

 

"Depositar os bens valiosos e dinheiro num cofre do hotel é uma boa prática. Utilize cópias dos principais documentos de identificação, como o passaporte, guardando-os num local diferente dos restantes documentos", acrescenta-se.

 


No comunicado, as autoridades britânicas afirmam também haver a existência de casos de violação e de raptos nas zonas mais populares da noite luandense, bem como a residências privadas.

 

"Não ande a pé sozinho à noite. Evite circular nos arredores de Luanda, especialmente após o anoitecer. Evite o uso de joias e de relógios em espaços públicos. Não troque ou levante elevadas somas de dinheiro em áreas mais frequentadas. Evite percorrer os bares e restaurantes na ilha do Cabo e outras áreas também bastante frequentadas, como mercados", refere-se no comunicado.

 

O "Foreign Office" alerta também para o facto de serem registados vários assaltos a viaturas, estejam elas estacionadas ou a movimentarem-se lentamente nas ruas de Luanda, retirando de vista telemóveis ou computadores enquanto estiver na viatura", avisa o Governo britânico, lembrando que uma "elevada percentagem da população anda armada".

 

Outra preocupação manifestada pelo Governo britânico está ligada a alegados acidentes nas estradas.

 

"Quando conduzir, esteja alerta quando alguém noutra viatura lhe fizer sinais para encostar. Os gatunos usam o pretexto de um acidente de trânsito menor para o retirar da viatura, ou para a roubar ou para o assaltar", lê-se no documento.

 

O Governo britânico relembra a política de Londres em relação aos raptos, realçando que não faz concessões aos raptores, e que não pagará resgates para obter a libertação dos reféns porque isso aumenta o risco de novas investidas.

 

Em relação a Cabinda, o Governo britânico aconselha a restringir as viagens, realizando apenas as essenciais, ao enclave angolano entre os dois Congos, admitindo que a cidade capital da província está excluída do alerta de segurança.

 

As autoridades de Londres aconselham ainda que se evitem deslocações junto à fronteira com a República Democrática do Congo (RDC), sobretudo por fronteiras não oficiais, recomendando a utilização dos postos fronteiriços legais.

 

As recomendações de Londres surgem numa altura em que são cada vez mais as notícias e informações nas redes sociais relacionadas com crimes violentos em Angola, alguns deles com assassínios, sobretudo nas áreas da periferia de Luanda.

 

Quatro cidadãos portugueses foram assassinados desde fevereiro deste ano, três deles na sequência de aparentes tentativas de roubo, que a polícia continua a investigar.

 

Em 25 de fevereiro, um relatório da Polícia Nacional angolana revelou que, em 2018, a criminalidade em Angola registou um significativo aumento comparativamente a 2017, com um total de 72.174 crimes, 5.199 deles com recurso a arma de fogo.

 

Segundo as estatísticas, em 2018 foram registados mais 26.301 crimes comuns comparativamente a 2017, mas uma redução relativamente aos crimes económicos, 1.825 (-545).