Luanda - A professora Maria do Céu, enquadrada na província do Uíge, está desde o mês de Janeiro sem poder levantar os seus salários, devido a um bloqueio registado na sua conta no BPC (Banco de Poupança e Crédito).

Fonte: JA
A docente admite não haver razões para a sua conta estar bloqueada durante quatro meses, uma vez que foi reactualizada no princípio do mês de Fevereiro, logo que se viu impedida de movimentá-la. A mesma foi aberta há um ano.

Em finais de Fevereiro, a professora deslocou-se à uma agência do BPC, na cidade do Uíge, para fazer o levantamento do salário, mas um funcionário do banco informou que era impossível movimentar o dinheiro da conta.

“O gerente disse-me que estava bloqueada e tinha de esperar, porque a informação tinha de ser enviada a Luanda”, explicou Maria do Céu. Na semana seguinte, retornou à referida agência bancária, tendo obtido a mesma informação do gerente. “O gerente não me explicou o que se passava, apenas disse que a situação estava a ser resolvida no gabinete jurídico do BPC, em Luanda.”

Com o intuito de resolver a situação, deslocou-se, duas vezes à agência Luanda-Sul, no município de Viana, para obter uma resposta plausível. “As gerentes do Luanda-Sul não me deram uma explicação plausível das razões do bloqueio da minha conta”, disse.

Um funcionário bancário, contactado pelo Jornal de Angola, informou que as contas bancárias dos clientes só são bloqueadas por três razões, nomeadamente desactualização dos dados pessoais, orientação dos órgãos de Justiça e fuga ao pagamento de um crédito.

Qualquer uma destas hipóteses não diz respeito à professora Maria do Céu. O Jornal de Angola contactou a subgerente da agência Luanda-Sul, em Viana, que se negou a prestar esclarecimentos sobre o assunto, alegando falta de autorização.

O presidente da AADIC (Associação Angolana dos Direitos do Consumidor), Diógenes de Oliveira, afirmou que, entre o banco e o cliente, existe uma relação de consumo e a Lei do Consumidor obriga que as instituições bancárias prestem toda a informação solicitada pelo cliente.

“Caso o cliente tenha a situação toda regularizada, o BPC vai ser obrigado a indemnizá-la”, admitiu, para salientar que a AADIC vai acompanhar este processo e, se for comprovado que o problema é do banco, a professora deve ser indemnizada.