Lisboa – “José Eduardo dos Santos nunca propôs retirada do limite de mandatos”, foi com esta frase que a deputada e membro suspensa do Comité Central do MPLA, Welwitschea José dos Santos “Tchizé” reagiu nas redes sociais, o anuncio, em comunicado do seu partido segundo a qual o 7.º Congresso Extraordinário terá como Agenda de Trabalho os “ajustamentos pontuais aos Estatutos do MPLA”.

Fonte: Club-k.net

Partido vai retirar dos estatutos a expressão "mandato de 5 anos"

O debate a volta da alteração do limite de mandatos dos estatutos do partido no poder começou na terça-feira (11), quando o deputado João Pinto, produziu, em grupos de WhatsApp, do seu partido, um texto de opinião, esclarecendo que “Os "desafios do futuro" é o fundamento do VII Congresso Extraordinário do MPLA, a realizar no dia 15 de Junho de 2019, para alargar o Comitê Central com quadros jovens para rejuvenescer o Partido com novos preparando -se para a implementação das autarquias locais em 2020.”


Segundo escreveu, João Pinto “Para se atingir tal desiderato pretende-se alterar o número 1 do artigo 100° dos Estatutos de 2016, retirando-se a expressão " mandato de 5 anos", permitindo que o alargamento de 1/3 dos membros não se condicione o limite da atribuição do mandato de 5 anos em cada Congresso Ordinário e com o alargamento não se colocar a questão do mandato iniciado em 2016 e que terminaria em 2021, no quadro do Congresso Ordinário que legitimara o actual Comitê Central do partido e elegera o anterior Presidente que ao renunciar por cumprir uma promessa de afastamento da vida política em 2018, deu origem ao VI Congresso Extraordinário que garantiu a sucessão no Partido do Presidente JES para JL.”


Descordando das pretensões de alteração dos limites de mandato dos estatutos, “Tchizé” dos Santos reagiu, pelos mesmos canis, advertindo que “com a aprovação desta proposta em congresso, o mandato do presidente do MPLA ficaria possivelmente vitalício, pois deixariam de precisar de haver eleições periódicas para eleger o presidente do partido.”


A parlamentar teme que estas alterações resultem em “dissidência massiva”, e enfraquecimento do partido, porque no seu ponto de vista “ninguém em sã consciência vai querer ser militante de um partido onde haja a possibilidade estatutária de nunca mudar o presidente” dai que lembrou que o anterior líder nunca recorreu a propostas de se alterar aos limites de mandatos na presidência do MPLA.


Os reparos, da deputada dão seguimento a sua linha de pensamento, transmitida no inicio do ano a agencia Lusa, assumindo o objetivo de continuar o “legado” do pai, apesar da resistência que diz sentir em alguns setores do partido, desde setembro liderado por João Lourenço.


“Não vou julgar ninguém, não vou apontar o dedo a ninguém, mas posso dizer que José Eduardo dos Santos fez questão de, pelo seu próprio pé, deixar o poder, fazer a transição, foi porque ele quis deixar, como o seu maior legado, a democracia plena e irreversível, o Estado democrático de direito ideal ou pelo menos a caminhar para tal. E como filha, eu sinto que é este o legado a que me tenho que agarrar, a par do da paz, e lutar por ele. Esteja onde estiver”, afirmou, na altura.


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