Luanda - O encurtar do ciclo de secas, registadas desde 2012, no sul de Angola são as consequências mais visíveis das alterações climáticas, disse hoje em Luanda, o diretor do gabinete para as Alterações Climáticas do Ministério do Ambiente.

Fonte: Lusa

Segundo o diretor do gabinete para as Alterações Climáticas do Ministério do Ambiente de Angola, Giza Martins, que falava à imprensa, à margem da apresentação dos Relatórios do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC), as inundações e o aumento do nível do mar têm caracterizado nos últimos anos as alterações climáticas no país.


"Os efeitos nefastos das alterações climáticas fazem-se sentir noutros setores, que necessitam de investigação, de um aprofundamento do seu entendimento, para que no âmbito da planificação do nosso desenvolvimento, das estruturas da nossa sociedade, tenhamos em conta o fator clima, ou seja, a forma como as alterações climáticas vão afetar a nossa maneira de estar e de ser", disse Giza Martins.

 

O responsável frisou ainda que as alterações climáticas também afetam significativamente os setores como a saúde pública, a segurança alimentar, a segurança energética, a viabilidade, o modo de vida ao longo da orla costeira.

"Um dos potenciais efeitos é o aumento do nível médio do mar, naturalmente que isto terá um efeito na vida da comunidade pesqueira e o nosso acesso à biomassa marítima do qual depende muita da nossa dieta em Angola", salientou.

 

Relativamente ao relatório, divulgado em finais de 2018 e apenas hoje apresentado em Angola, Giza Martins disse que a análise é global sobre os efeitos das alterações climáticas, mas há dados de Angola que também foram utilizados".

 

"Participam do IPCC cientistas a nível do mundo, há dados de Angola que também são utilizados, estou em crer que há um aprofundamento da nossa capacidade de acompanhar fenómenos climáticos e ao longo do tempo vamos aprofundar o nosso conhecimento", disse.

 

Giza Martins referiu que o IPCC identificou apenas "tendências" relativamente aos efeitos esperados sobre as alterações climáticas no continente africano, nomeadamente "um stress em recursos hídricos, um alterar no comportamento das chuvas e um potencial aumento do nível do mar".

 

"São estas as conclusões a que chegou. Também existem recomendações do ponto de vista de mitigação, do ponto de vista da necessidade de nós abraçarmos modelos de desenvolvimento de baixo carbono, pois a concentração de gases com efeito estufa na atmosfera é a causadora do efeito das alterações climáticas", realçou.

 

Por sua vez, o representante residente interino do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para Angola, Henrik Larsen, disse que o país está a fazer esforços importantes para reduzir a sua vulnerabilidade aos efeitos das alterações climáticas, com impacto em zonas mais vulneráveis do país, principalmente no sul e ao longo da orla costeira.

 

De acordo com Henrik Larsen, foi feito com o apoio de todos os parceiros um quadro de resiliência, que está a traçar as causas da seca no sul do país, que vem aumentando desde 2012.

 

"Considerando a situação financeira do país, estes compromissos importantes e esforços merecem o conhecimento e apoio internacional. O PNUD tem sido um parceiro de Angola por muito anos nestes esforços, ajudando o Governo a atrair financiamento para as suas políticas e projetos na área das alterações climáticas, assistindo também o Governo em questões técnicas para a implementação dos seus projetos", sublinhou.

 

Henrik Larsen reiterou a disponibilidade do PNUD em apoiar o Governo de Angola na área das alterações climáticas.


No domínio das emissões, Angola ocupa um lugar cimeiro no continente africano em matéria de emissões 'per capita' pelo que, urge a necessidade da identificação de oportunidades para a promoção da economia de baixo carbono à escala nacional.