Lusaka - O Presidente José  Eduardo dos Santos poderá cruzar-se com o seu homologo da RDC, Joseph Kabilia caso não for representado por terceiros  na  XIV Sessão Ordinária da Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da CEEAC que arrancou esta sábado em  Kinshasa (RDC), e vai ate ao  dia  24 do corrente.

 

Fonte: Club-k.net 

Especialista aconselha JES
a não enviar substitutos especiais
 

De acordo com a agenda cimeira os trabalhos estarão repartidos a luz do seguinte itinerário

 

De 17 a 20/10/2009: Reunião dos Peritos;
De 21 a 23/10/2009: Conselho de Minsitros;
De 23 a 24/10/200): Cimeira de Chefes de Estado e de Governo cuja  ordem de trabalho envolverá os seguintes assuntos:      


1. Integração humana, Paz, Segurança e Estabilidade;
2. Integração Física, Económica e Monetária;
3. Programa, Orçamento, Administração e Recursos Humanos. 

 

Angola e RDC fazem ambos parte de duas organizações regionais: a SADC (África Austral) e a CEEAC (África Central). Sectores internos extra-governamentais contestam a integração de Angola na segunda organização, uma vez que estrategicamente o país está melhor inserido na África Austral.  Consideram  ser ambições ligadas a geo-estratégia militar, nomeadamente, a aspiração ao estatuto de potência regional militar, que estimularam o governo de Eduardo dos Santos a abraçar uma dupla geografia regional, numa altura em que tacticamente pretendia mostrar maior independência da África do Sul.

 

Chamado a comentar o assunto, Alberto Faria, professor universitário e especialista angolano em assuntos africanos radicado na Zâmbia   explica que “o primeiro ponto dos assuntos em debate está aliás estreitamente relacionado com a recente crise. A questão da integração humana atinge ponto alto com a existência mútua de angolanos no Zaire, como de congolenses (de ambos os países) em Angola, e, em particular, a problemática dos refugiados.”

 

“A forma como não se evitou a crise, através duma política preventiva, significa que a região não tem instrumentos de prevenção de conflitos actuantes e que os países se orientam na base dos seus interesses pragmáticos.” disse

 


O professor Alberto Faria falou ainda que “A questão da indefinição da fronteira e a reclamação por parte dos zairenses de zonas de exploração de petróleo, são factores de insegurança e instabilidade, ao ponto do Zaire ter ameaçado levar o assunto as Nações Unidas, ultrapassando todos os instrumentos de política regional e continental.”  Por isso segundo o seu pensamento “Espera-se que as organizações da sociedade civil de ambos os países sejam capazes de, antecipadamente, produzirem recomendações, pois quem paga as más políticas dos países, que normalmente apenas beneficiam os agentes do poder, são as populações que devem ser defendidas na sua dignidade pelas associações cívicas e de direitos humanos.”

 

No seu entender  “o Presidente da República não deveria ir apenas a esta reunião com o ponto de vista da Administração mas igualmente da sociedade civil angolana e mesmo dos partidos políticos da oposição, pois em matéria de relações internacionais o país deve ser consensual. Repara-se que quando surgem os problemas todos (exemplarmente as famílias) somos chamados a socorrer.”

 

“Angola terá que decidir como quer fazer a integração regional já que vem defendendo esta como antecâmara para uma integração continental e, por isto, tem adiado a implementação do plano Kadaffi. Não é possível termos duas moedas comuns, termos dois mercados comuns e duas integrações físicas comuns. O país não conhece um debate nacional sobre estas questões de integração regional, nem mesmo ao nível do Parlamento.”

 

“A recente crise de fronteira mostra que o envolvimento da nação em questões estratégicas, contra o espírito sectário prevalecente do partido governamental decidir tudo sozinho tem sérios prejuízos. É pois altura de se fazer um amplo debate relativamente a qual será a melhor integração regional que poderá no futuro ser um contributo positivo para a integração africana.” Disse finalizando que “seria bom que o PR angolano, como é costume em fóruns africanos, não enviasse substitutos especiais e tivesse a coragem de participar na cimeira que se avizinha.”