Lisboa - A prolongada estadia em Barcelona, por parte do ex- Presidente da República, José Eduardo dos Santos foi advertida e subsequentemente fundamentada pelo próprio, numa mensagem transmitida pessoalmente, ao seu sucessor João Manuel Gonçalves Lourenço, sobre as condições em que regressaria ao país.

Fonte: Club-k.net

Clã Dos Santos reclama perseguição

No último encontro que ambos tiveram, na residência no Miramar, em Luanda, dias antes de JES viajar, o antigo estadista recusou qualquer tipo de apoio logístico do Estado angolano (a que tem direito) na viagem a Espanha, tendo aproveitado a ocasião para transmitir o seu desconforto para com a ação da nova direção do aparelho de segurança do país. Deixou no ar, a ideia de que enquanto o “desconforto” se manter , ele ficará no exterior. Avisou a Lourenço que um dia isto pode também acontecer consigo.


Antes de sair do poder, JES fez aprovar uma lei em que proibia o seu sucessor de mexer nos principais órgãos de segurança do país, nomeadamente as FAA, a Polícia Nacional e as secretas.


Lourenço por sua vez, tão logo chegou á Presidência, fez uso do poder que a constituição lhe confere e afastou todos os comandantes militares e das forças de segurança que lhe estava a ser imposta, nomeando outros merecedores da sua confiança.


Dias após a viagem, um fonte próxima do ex-Presidente, foi citada pelo Jornal português Expresso como assinalado que “O homem está profundamente magoado”. Já em Luanda, um membro da família, Bento Kangamba esclarecia a VOA, que JES “tem a sua vida normal (...) Se ele quiser ir na TAP ou noutro meio a decisão é sua como cidadão”.


O desconforto atribuído a José Eduardo dos Santos a volta da nova direção do aparelho de segurança em Angola, é extensivo aos seus familiares e aos seus antigos homens de confiança. A filha, Tchizé dos Santos manifestou em Dezembro do ano passado, desconfianças de que andava a ser perseguida, por gente que, no seu entender, potencia suspeitas "que recaem sobre o senhor Miala e sobre o próprio titular do Poder Executivo", João Lourenço.


O filho José Paulino dos Santos “Coreon Dú”, que também se encontra no exterior, foi interpelado,  a 11  de Julho passado, por um internauta Rui Bento, na rede instagram, que o questionou se estava com saudades de Angola. Este por sua vez, respondeu positivamente  que “Tenho saudades todos os dias, mas a minha segurança física,  saúde emocional e psicológica e amor próprio são mais importantes que as saudades”.


Neste mesmo mês, o empresário e Juiz do Tribunal Supremo, Rui Constantino da Cruz Ferreira que durante muitos anos trabalhou como assessor jurídico de JES, foi citado pela publicação “Decreto” como tendo insinuado que estaria a ser pressionado por Fernando Miala para abandonar a liderança do supremo. Ferreira, foi ainda citado como tendo dito que estava a ser perseguido pelos seus inimigos e que não iria perder o seu tempo com isso.


Verdade, ou não, o também fazendeiro nunca desmentiu sobre a autenticidade das declarações a que lhe foram imputadas pelo “Decreto”.


Desde que Lourenço assumiu o poder, a família do antigo Chefe de Estado, retirou-se do país. Para além, de Tchizé e “Coreon Dú”, estão igualmente pela Europa, a primogénita Isabel dos Santos, e uma irmã Marta dos Santos, que enfrenta um processo nos tribunais, em que é visado, um “testa de ferro” Pedro Godinho.

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