Luanda - Trata-se de um tema que tem levantado o interesse e preocupação de pessoas formadas e informadas na matéria, Professores, Estudantes, e os nossos Anciãos, que constituem biblioteca viva para a sociedade. Nesta ordem decidimos manifestar esta posição.

Fonte: Club-k.net


Fazendo uma breve retrospectiva sobre a situação anterior das Línguas Nacionais Africanas e Angolanas em particular, dizemos que as nossas Línguas tinham raízes profundas e fortes de tradição oral, uma vez que eram um dos mais importantes meios para comunicação usados nos seus mais variados níveis pelos nossos antepassados e através deste realizavam as suas actividades quotidianas e desenvolveram suas sociedades em todos os domínios de seu ambiente e vida: seja moral, espiritual, cultural ou educacional.


Estas raízes estavam enraizadas em toda sociedade africana e no nosso país em particular. Mas, com a chegada dos portugueses em nosso território, a força das nossas línguas foi abalada e, como resultado, enfraquecida, de forma que, nossos antepassados, na sua grande parte, foram forçados a falar e a se comunicar na Língua Portuguesa, e a deixar de usar as nossas Línguas, e foram impostas a cultura portuguesa, de modo que, as nossas Línguas Nacionais tornaram-se mais fracas. Felizmente, como resultado da sua forte tradição oral, hoje elas ainda são faladas no nosso país.

Entretanto, a situação actual em que as nossas Línguas de identificação estão expostas, elas correm o risco de desaparecer em período de anos.


A imposição da Língua Portuguesa na nossa sociedade teve grande impacto para as nossas Línguas Maternas que, décadas depois de os portugueses chegarem no nosso espaço territorial, as Línguas Nacionais foram forçadamente relegadas para o segundo plano, e até hoje elas são faladas por um número reduzido de pessoas, mais faladas nas áreas rurais e suburbanas, e pouco usadas nas cidades, especialmente em centros urbanos e cidades-capitais.


A presente realidade coloca as Línguas Nacionais numa situação de grande risco de extinção, se na prática nada for feito por parte do governo, Instituições de Escolares, da Igreja, e principalmente da sociedade e famílias, em ensinar as línguas às novas gerações. Universidades, Escolas de nível Primário e Secundário, Professores e estudantes devem participar deste processo de transmissão e promoção das Línguas Nacionais, também Línguas de Angola.


Em particular, os docentes e estudantes universitários devem se envolver arduamente nessa tarefa de transmissão das línguas locais. Principalmente os professores do ensino superior, têm o papel importante para realização desse dever.


No mesmo âmbito é necessário que, todas as Instituições da Sociedade imbuídas nesse processo, contem com o contributo dos anciões que têm o domínio profundo, e os que têm conhecimento bastante profundo das nossas Línguas Nacionais, que viveram durante muito tempo em áreas de bastante influência nas nossas línguas mãe, e os que têm longa experiência e grande período de interacção nossas línguas maternas.


O presente Desafio deve ser efectivado por um processo bem sistematizado do governo. Não deve ser um processo de imposição, porém as forças da sociedade, Órgãos Institucionais envolvidas neste desafio, devem incutir na sociedade o interesse pelas Línguas Locais, de estudá-las, e ter um bom e melhor domínio delas.


Por outro lado, é igualmente necessário que o governo estabeleça as nossas Línguas como Língua Franca, em paralelo à Língua Oficial, fazer com que as Línguas de Angola sejam usadas nas várias Instituições do Estado, como no Parlamento, Hospitais, Jardins de Infância, nas Indústrias, Supermercados, nas diferentes instituições governamentais, e em vários sectores de emprego.


A Midia também é um meio importante para a transmissão da importância das nossas línguas, bem como promover seu uso pela sociedade. Por isso, ela não deve ser excluída do problema. A sociedade em geral deve assumir essa grande missão de passar as Línguas Nacionais, como lema e desiderato a ser cumprido com eficácia, evitando que nossas línguas pereçam ao longo do tempo, mas sim, fazer perpetuar as Línguas de Angola no horizonte temporal e no espaço.


Finalmente, o governo tem que implementar integralmente o ensino das nossas línguas maternas no Sistema de Educação, e cobrir todos os níveis do ensino geral e superior. As Instituições Religiosas devem desenvolver uma cultura de ensino aos seus membros nas Línguas Maternas, começando pelas crianças. Nas famílias, os Pais têm um papel de extrema importância, de transmitir as Línguas do País aos filhos.


Adriano Kanganjo