Luanda - A diplomacia angolana delineou uma nova dinâmica: captação de investimento estrangeiro por intermédios dos embaixadores. A burocracia na atribuição de vistos deve ser coisa do passado, segundo orientação do ministro das Relações Exteriores. Dentro de um ano, será possível avaliar trabalho dos embaixadores recentemente nomeados, e se estão ou não a trabalhar para o fomento de empregos e melhoria de vida das famílias angolanas.

*António Pedro
Fonte: Vanguarda

O Vanguarda analisou os novos rumos da diplomacia angolana, face à orientação aos embaixadores nomeados recentemente. A análise estendeu-se a fundos de investimentos com activos de 21.979,2 mil milhões USD, sediados em países com representação diplomática angolana, e cujos sectores para aplicação de recursos envolvem as infra-estruturas de energia, transportes, estradas, educação, saúde, agricultura, etc.

 

Se as reformas em curso no País fracassarem, como a luta contra a corrupção, poderá haver menos êxitos para os embaixadores. O País continua a precisar de investimento estrangeiro, daí que, actualmente, ser embaixador de Angola em qualquer geografia exija muito mais do que traquejo político.

 

Aos embaixadores é exigida visão económica e financeira para mostrarem ao mundo o potencial de investimento que o País proporciona, o ambiente de negócio, e os diplomas legais aprovados pela Assembleia Nacional para permitir uma livre concorrência no comércio e sua aplicabilidade. Aos embaixadores é exigido mais ainda: capacidade de negociar com um chairman e/ou um CEO de fundos de investimentos, sejam veículos ou não de fundos soberanos, que apostem em investimentos pelo mundo no ramo de infra-estruturas, energia, transportes, água, estradas, pontes, agricultura, etc..

 

A política angolana voltada para a diplomacia tem provocado a interpretação segundo a qual os novos embaixadores, estreantes, e os reconduzidos nos cargos terão a árdua tarefa de demonstrar que a diplomacia é capaz de influenciar na criação de mais empregos e consolidação dos já existentes, bem como na estabilidade das famílias através do aumento de rendas, um ganho só possível com a contínua criação de empregos. Na análise do Vanguarda, após conversa com diplomatas, as formas de captar investimento implicam confiança no Estado onde se vai aplicar os capitais.

 

“Esse é o problema”, dizia um diplomata reconduzido, para uma das mais estratégicas missões diplomáticas angolanas. Enquanto não se desenvolverem políticas que promovam o maior desenvolvimento do capital humano, essencialmente na educação, será uma tarefa hercúlea convencer investidores estrangeiros que têm acesso a fundos de investimentos ‘atrelados’ a fundos soberanos ou a bancos de investimento de grande porte, desde Santander (Espanha), HSBC Holdings e Barclays (Reino Unido), Goldman Sachs (EUA), Crédit Agricole (França), e fundos soberanos pujantes, como os de Abu Dhabi e Mubadala Abu Dhabi) ou Xangai (China).

 

A questão de reformas contínuas em Angola é também crucial para êxito do processo, levará o tempo necessário, daí que se entenda, a nível do MIREX, que o desempenho dos embaixadores não pode ser arrolado em argumentos de dificuldades para a obtenção de êxitos no processo de reformas internas. Um embaixador que nesta altura alegar que os investidores não acreditam em Angola poderá ser encarado como estando a usar uma ‘desculpa’ pouco sólida, face ao trabalho que o MIREX tem procurado materializar junto da AIPEX e demais departamentos ministeriais.