Luanda - Íntegra do discurso pronunciado hoje (sexta-feira), em Luanda, pelo Presidente da República, João Lourenço, por ocasião da Cimeira Quadripartida de Luanda.

Fonte: Angop


-Sua Excelência Youheri Kabuta Musseveni

Presidente da República do Uganda

-Sua Excelência Paul Kagame

Presidente da República do Rwanda

-Sua Excelência Félix Tchissekedi

Presidente da República Democrática do Congo

-Sua Excelência Denis Sassou N’Guesso

Presidente da República do Congo

Presidente da CIRGL, nosso Convidado de Honra

Constitui para mim motivo de grande honra e satisfação acolher em Luanda, esta Cimeira de Chefes de Estado.

 

Entre pessoas, famílias, comunidades ou países, às vezes existem desentendimentos de maior ou menor dimensão que importa que sejam resolvidos de preferência entre si ou com o concurso de outros que nos querem ver em paz, a ajudarmo-nos mutuamente, a cooperarmos em prol do desenvolvimento de ambos, vivendo em plena harmonia.

 

É o caso do Uganda e do Rwanda, vizinhos e com ancestrais laços de verdadeira e profunda irmandade, ambos localizadas na rica e promissora região dos Grandes Lagos, mas que ao mesmo tempo é ironicamente, também uma das mais conturbadas do nosso continente.

 

Eles atravessam um momento particularmente difícil no relacionamento entre si, situação que contraria a vontade dos respectivos povos e afecta seriamente a economia de ambos os países.

 

Com vista a ultrapassar-se esta situação, na Cimeira tripartida de Kinshassa, à margem das exéquias fúnebres do malogrado Ethiene Tshissekedi, foram solicitados os bons préstimos de Angola no sentido de convidar o Presidente Yoweri Musseveni a juntar-se aos três, numa Cimeira quadripartida a ter lugar em uma de três possíveis capitais africanas, tendo-se logrado que pudesse ser realizada em Luanda, o que viria a acontecer aos 12 de Julho do corrente ano.

 

Ao conseguir-se tal feito, estava claro que existia o clima de diálogo e a vontade política de ambos Estadistas do Uganda e do Rwanda, em procurar-se os caminhos para se ultrapassar os diferendos que os opõe.

 

Nesta conformidade, na Cimeira quadripartida de Luanda, que juntou os Chefes de Estado do Uganda, do Rwanda, da República Democrática do Congo e o anfitrião angolano, incumbiu-se a Angola coadjuvada pela RDC, a responsabilidade de acompanhar de perto o desenrolar do diferendo, ouvir as partes e propor soluções que satisfaçam os interesses de ambos, e consequentemente da região.

 

É assim que neste curto espaço de tempo, nos desdobramos em contactos com Kampala e Kigali a nível de equipas técnicas e a nível ministerial, através de mensagens verbais para os Presidentes Yoweri Musseveni e Paul Kagame, que viram na iniciativa uma boa e grande oportunidade a abraçar e seguir.

 

Ao terem tido a coragem e o pragmatismo de concordar com o texto proposto e negociado, Vossas Excelências dão um grande exemplo de como no nosso continente todas as nossas diferenças, receios, disputas e conflitos devem ser resolvidos, pela via do diálogo, do compromisso de cada um se abster de actividades que possam ser interpretadas pela outra parte como actos lesivos dos seus interesses económicos, socioculturais ou mesmo de segurança nacional.

 

Ao culminarmos hoje nesta cerimónia, com a assinatura deste importante instrumento, o “Memorandum de Entendimento de Luanda”, aproveitamos esta oportunidade para no nosso próprio nome, e no do povo angolano, felicitar os Presidentes Yoweri Musseveni e Paul Kagame por este grande dia, que enche de orgulho e de alegria os povos do Uganda e do Rwanda, bem como a todos nós.

 

O mérito desta conquista é Vosso e apenas Vosso, por terem compreendido e sido movidos pelo sentimento de que os benefícios deste pequeno grande passo, são para os povos e as economias dos países que dirigem.

 

Como grandes Estadistas que sóis, tiveram esta visão. África e o Mundo, acompanham com interesse e ansiedade o desfecho deste momento histórico.

 

Agradecemos o Presidente Denis Sassou N’Guesso, que com a sua presença muito nos honra e dignifica esta cerimónia.

 

Com isso, convido os presentes a testemunhar o acto de assinaturas do “Memorando de Entendimento de Luanda”.

Muito Obrigado