Luanda - Há muito que os cidadãos e a sociedade em geral vêm defendendo uma atitude, ser e estar de que deviam, os agentes da PN, ter, evidenciar e praticar: uma postura humanista, solidária, associável, protectora, de garante da Segurança Pública, e como é óbvio; de manutenção da paz, ordem e tranquilidade. No entanto, apesar das recomendações que têm sido dadas aos Agentes da Polícia Nacional das instâncias Superiores daquela Instituição do Estado, e de seus responsáveis hierárquicos, a maioria dos efectivos policiais ainda têm excedido nas suas actuações.

Fonte: Club-k.net

Não obstante, registar-se as mortes de vendedoras e vendedores nas estradas que, têm sido causadas pelas corridas por parte dos agentes, mortes a queima-roupa, e o mediático caso do bairro “Rocha Pinto”, em Luanda, que envolveu a população e a polícia; entre outros tantos, o excesso de zelo ainda continua a ser uma realidade por parte dos Agentes da Ordem Pública (AOP).


O facto semelhante aconteceu na tarde desta Quinta-feira, 22 de Agosto de 2019, quando regressava da Faculdade, ao chegar na paragem do Gamek, em Viana, próximo a zona da Robaldina, em Luanda, atravessando a línea Féria, deparei-me com uma triste situação, estava ali um aglomerado de gente, eram na sua maioria senhoras zungueiras e vendedoras ambulantes. Ao me aproximar mais do local notei que, um Policial e alguns dos Fiscais da Administração de Viana colocados no espaço tinham recebido o negócio de uma senhora que vendia bolos de Cinquenta Kwanzas (50Kz). E, a senhora, desesperada, sem outra alternativa seguia insistentemente e desesperadamente a Polícia, que acabava de tomar a banheira de bolos, e já alguns tinham sido despejados no chão.


Os bolos, que ainda estavam quentes, indicavam que tinham sido feitos há pouco tempo.


O agente da ordem, ladeado pelo colega, com ajuda dos fiscais não cedeu ao pedido clamoroso e desesperado da mãe de filhos, pelo seu negócio, retendo-o em sua posse.


O agente policial que se mostrava mais activo contra a vendedora estimava a sua atitude contra a zungueira, e dizia a um outro agente da ordem, que parecia ser Superior seu (Chefe) para tirarem foto do negócio e da senhora, e a posterior apresentarem ao Tribunal.


Depois de desconseguir de obter o seu negócio, a vendedora, profundamente chocada e tristemente revoltada pelo sucedido ficou sem forças e caiu para o chão, ficando sem folego para se levantar.


A moldura humana, que se comoveu com a situação tentou reanimar a senhora, implorou, sem êxito, à Polícia a entregar os haveres da senhora.


A mãe de família explicou ainda, que em nenhum momento tinha poisado o seu negócio ao solo, o que contraria a acção dos homens da ordem que apenas deviam receber negócios que fossem vendidos no espaço, entretanto, a senhora que perdeu o seu haver estava com o seu negócio na cabeça.


A zungueira, estatelada ao solo batia os seus braços ao chão, foi colocada a sentar, mas sem forças, não podia se manter me pé. Comovido com a situação tirei algum valor que tinha, dei a senhora, e disse a ela que: tivesse calma, não se preocupasse com a situação. Mais uma pessoa de boa-fé fez o mesmo; outras pessoas também comovidas deram os seus 100 Kwanzas.

Alguém da multidão solidária que presenciava o facto comprou água de 10 Kwanzas, molhou-se a cabeça da senhora.


Depois de um tempo, com mais lucidez, a zungueira tentou pôr-se em pé. Ela dizia, que sentia a cabeça a girar. Muitas zungueiras no local aconselharam a vendedora que, não se matasse por causa daquele acto, e encorajaram-na que, “a senhora tem filhos para cuidar”. Encorajei também a senhora, que estivesse calma, que Deus vai abençoar (Ela), vai ter possibilidade de começar outro negócio.


Após um momento a vendedora conseguiu levantar-se. E, algumas zungueiras acompanharam ela para chegar a casa.