Luanda - A cada dia que passa, estamos cada vez mais conectados. Mergulhados numa cultura de rede, os alunos do século XXI têm diante de si uma infinidade de informações, basta um click. Por outro lado, o mercado de emprego está cada vez mais exigente, sem alto nível de qualificação, é muito difícil conquistar um bom emprego.

Fonte: Club-k.net

Por isso, não faz nenhum sentido que ainda estejamos a formar profissionais para o século XX. Precisamos de mudar profundamente o nosso sistema de ensino. Mas trata-se de uma mudança mais profunda, uma mudança conceitual, uma reinvenção literal do que é escola. Uma escola com uma abordagem baseada em padrões de educação projectados a educar o aluno ao mais alto nível, a capacitá-lo a ter um papel activo no processo ensino aprendizagem, a ajudá-lo a realizar os seus sonhos e, a equipá-lo com os conhecimentos, hábitos e habilidades para que possa ter sucesso num mundo em mudanças permanentes.


Uma escola que possa CUMPRIR A PROMESSA de uma educação de qualidade, uma escola que dê os resultados necessários para que o indivíduo, a comunidade e a sociedade no geral prosperem. Uma escola que se alinhe e se integre totalmente com a comunidade e tenha acesso a uma variada gama de serviços, em todos os sectores, voltados a apoiar o desenvolvimento educacional dos alunos. Uma ESCOLA DO SECULO XXI.


Na escola do século XXI, ensino médio técnico profissional não existe. Numa altura em acabamos de implementar a reforma educativa na sua plenitude, insistir no ensino médio técnico profissional é andar para trás. Na escola do sec. XXI o profissional é formado na universidade, o ensino médio não forma profissionais.


Existem dezenas de escolas de ensino médio técnico profissional no país e, acho um desperdício. Explico já porque: Fiz uma pesquisa básica sobre ensino médio técnico profissional no mundo, o que encontrei na maior parte dos países, se não todos, é que nos outros países já não existe ensino médio técnico profissional como tal. O que existe é sim uma espécie de escolas profissionalizantes, que oferecem uma educação auxiliar ao ensino médio, proporcionando ao aluno um conhecimento profissional sobre uma determinada área.

Os outros não têm IMNE, IMS, IMIL, IMEL, IMA, etc. Todo o mundo faz high school (liceu), quem quiser se profissionalizar tem de ir à uma universidade fazer 1 ou 2 anos (two years college). Atenção, não estamos a falar de bacharelato nem de licenciatura. a outra alternativa são as Escolas Técnicas ou Centros de Formação Profissional (CFP). O aluno num CFP, por exemplo, tem uma carga de estudo muito mais extensa do que um aluno de uma escola tradicional, ensino médio normal (Liceu). Assim o aluno para o ensino técnico, o estudante fará seu liceu, em horário normal no ensino médio, e depois outra carga horária para a sua especialização técnica sobre uma área determinada, geralmente passando mais de 10 horas dentro da instituição de ensino. Ou seja, estes cursos podem ser feitos de forma integrada ou subsequente ao ensino médio regular, dito doutra forma, um aluno que já terminou o ensino médio regular ou liceu, pode voltar a estudar (numa universidade ou numa escola técnica/CFP) buscando uma qualificação profissional.

Resumindo, ensino médio técnico profissional é na prática um ensino médio obsoleto e inútil.


Obviamente que os males para a má qualidade do ensino em Angola vêm de trás, mas agravaram-se muito nos últimos anos com a crise financeira do Estado e os programas de ajuste estrutural. No nosso país, a crise atingiu proporções catastróficas, o que torna a busca de receitas alternativas no mercado ou fora dele virtualmente impossível.


De forma geral, o sector da educação apresenta um quadro dramático de carências de todo o tipo: colapso das infra-estruturas, ausência quase total de equipamentos, pessoal docente mal preparado e miseramente remunerado e, por isso, desmotivado e propenso à corrupção, pouco ou nulo investimento em pesquisa cientifica. Por isso, o Governo é incapaz de incluir nos seus cálculos a importância da escola na construção dos projectos de país e na criação de pensamento crítico e de longo prazo, por outras palavras, a escola angolana não gera suficiente “retorno”.


O Banco Mundial está a investir uma pipa de massa em Angola, para ajudar o país a melhorar o seu sistema de educação e oferecer uma escola com qualidade aos seus filhos. Infelizmente, podemos esperar pouco deste investimento, porque a energia está a ser mal canalizada. Quem tem poder de decisão, está a decidir mal. O que é a reforma curricular do ensino médio técnico profissional vai trazer pata o país ?? Nada, absolutamente, nada. É só mais uma forma de se desperdiçar os recursos, que já são escassos.


Pensem grande, pensem país, pensem Angola meus senhores, a Educação em Angola precisa de reformas profundas, a começar pela nova Lei de Bases do Sistema de Educação.