Luanda - José Eduardo dos Santos assinalou ontem, em Espanha, país que escolheu para exílio voluntário, o seu septuagésimo sétimo (77.o) aniversário, em companhia de familiares e amigos. Ao nível do partido onde foi considerado líder emérito, nem uma mensagenzinha de felicitações. E dos órgãos públicos de comunicação social, silêncio tumular. O facto deixou até de constituir notícia.

Fonte: Club-k.net

Do novo líder, que aos quatro ventos declara que não tem nada contra o homem, idem aspas. Quem diria! Excepção foi mesmo para algumas tênues mensagens de alguns fiéis e/ou admiradores nas redes sociais.


Estranho? Não sei. Cinismo? É provavelmente o termo mais apropriado. Ou melhor, como diz uma velha amiga: “Todos eles não prestam. São farinha do mesmo saco. A diferença está em quem manda”.


Até acredito mais nessa sustentação.


O “amor e ódio” da parte de que quem substituiu o aniversariante, por sua opção sugerida por Paulo Cassoma, ao que se diz, é indisfarçável, é tão grande, embora tente simular, que acredito, não fosse a crise, já teria mandado imprimir novas notas de Kwanza, por ser o único símbolo nacional que ainda mantém presente a imagem do antigo líder. Mas, não tarda, também lá chegaremos. Serão cenas dos próximos capítulos.


Na certa, quem se estará mesmo a rir, se tem a faculdade de ver o filme, é Jonas Savimbi. Morto, de vilão passou a herói e continua a ser a grande referência do partido que fundou, enquanto o “Arquitecto da Paz”, pela mão do seu próprio partido e dos seus antigos seguidores, é visto como estorvo.


De nossa parte, ainda se esperava essa postura. Mas da vossa, camaradas mpelistas?!?... tenham no mínimo a hombridade de não se fazerem passar de vítimas. Nós sim. Vocês, direcção do MPLA, não. Como a anterior estão tipo computador invadido por vírus que vos afectou a memória? Hoje JES é o único mau, quando todos vocês contribuíram para dar suporte a quem nos fez mal? Vocês que se lambuzaram no pote de mel, que se esqueceram que os interesses da nação e dos angolanos, deveria estar acima da vossa vontade como partido? Não nos enganem mais. Sejais verdadeiros. Nós sim, fomos vítimas. Vocês foram parceiros, cúmplices de JES no bem e no mal. Não têm porque abandoná-lo, porque ao fazê-lo estarão a negar as vossas próprias responsabilidades em tudo de bom e de mau que se fez. “Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”.


Mas já agora, respondam-nos o seguinte: qual será a vossa postura se o homem morrer nos próximos dias? Não é que deseje isso, mas é incontornável.


Tenho a plena certeza, que se depender da decisão dos filhos, todas as vossas manifestações, em homenagem, serão dispensadas. E se fosse eu, acautelava por escrito, esse desejo.