Luanda - Um grupo restrito de militantes da UNITA, a residir em Lisboa e no Porto (Portugal), manifestaram-se contra a exoneração do seu representante, Isaac Wambembe, feita recentemente pelo seu presidente, Isaías Samakuva, apurou O PAÍS de fontes próximas da Comissão Externa (CE), nova denominação da extinta “delegação diplomática” deste partido, transformada em células, à luz dos Acordos de Paz de 4 de Abril de 2002.


*Ireneu Mujoco
Fonte: O Pais

Não sei quem está a interpretar
 mal a substituição - Alcides Sakala

Informações obtidas por este jornal, dão conta que Isaac Wambembe (na foto), que substituiu no cargo Anastácio Rúben Sicato, como delegado da UNITA nas “terras lusas”, é tido como um quadro competente.

 

O seu afastamento, alegadamente compulsivo, está a ser questionado em círculos restritos do “galo negro” em Portugal, por se tratar de um político com um atestado de dirigismo político-partidário abalizado, justificando que durante o seu mandato revitalizou algumas células que estavam à beira de desaparecer, após a morte em combate de Jonas Savimbi.

 

Sem minimizar a competência de outros colegas do partido, que já desempenharam tal cargo no mesmo país, entre eles Alcides Sakala, Adalberto da Costa Júnior, Isaac Wambembe, segundo as fontes, exerceu com zelo e dedicação a missão que lhe foi confiada pela direcção da UNITA, desconhecendo-se as razões que motivaram a sua exoneração, que a fonte considerou precipitada.

 

Residente na capital lusa, a mesma fonte acrescentou que Isaac Wambembe assumiu o cargo numa altura em que o movimento atravessava momentos difíceis, porquanto vigoravam ainda as sanções impostas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, o que inviabilizava a expansão e afirmação desta força política noutros países da Europa.

 

“Na fase em que Isaac Wambembe esteve à frente da nossa delegação em Portugal, o partido estava a atravessar momentos difíceis, mas sempre fez o possível de manter firme a ideologia da UNITA que estava com uma imagem desgastada dentro e fora do país”, afirmou o interlocutor de O PAÍS, reforçando que Samakuva e seus principais colaboradores devem explicações aos militantes na diáspora.

 

Comenta-se que Isaías Samakuva não comunicou atempadamente ao seu representante sobre a sua exoneração, o que foi interpretado pelo visado e pelos seus colaboradores mais próximos, como um afastamento compulsivo.

 

Isaac Wambembe, natural do Huambo, médico de profissão, na faixa etária dos 40 anos, é casado com uma cidadã portuguesa de quem tem duas filhas menores. Para o seu lugar, foi indicado Joaquim Patrício, seu antigo adjunto. O PAÍS tentou contactar Isaac Wambembe, mas os esforços foram infrutíferos.

 

Reagindo às declarações dos prosélitos na diáspora, o porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, confirmou a exoneração de Wambembe, desmentindo, entretanto, que o mesmo não tivesse sido notificado pela direcção do partido. “Não corresponde à verdade dos factos. O companheiro Isaac foi avisado com antecedência sobre o assunto.

 

Não se trata de uma expulsão, mas de uma substituição. Ele aguarda novas funções,” esclareceu.

 

Entrando em pormenores, Sakala disse tratar-se de uma rotação normal dos seus colegas da Comissão Externa que estão em vários países da Europa e da América. “Não sei quem está a interpretar mal a substituição. É normal que isso ocorra em qualquer parte do mundo, agora para quê tanta polémica?”, interrogou-se adiantando que “ há quem pretenda qualquer dividendo, mas infelizmente não vai obtê-lo porque não há crise nenhuma nesta mudança”.

 

Reforçou que enquanto houver necessidade de situações semelhantes “elas vão ocorrer normalmente sem interferência de ninguém. A Comissão Externa deve obediência à direcção do partido, e é neste quadro que ocorreu esta mudança”, explicou.

 

Sakala minimizou também as declarações dos militantes, aventando a hipótese de haver intenção de uma ou duas pessoas pretenderem manchar a imagem do partido, com fins inconfessos.