Luanda - Nessa altura em que buscamos a moralização da sociedade e reconhecemos que a corrupção é definitivamente um mal que nos afastou dos ideais patrióticos, culturais e humanos, considero ser a altura certa de a sociedade civil cumprir com o seu papel em um sistema democrático.

Fonte: Club-k.net

Dentro desse quadro em que tememos que o combate a corrupção, se não for levado acabo com a seriedade, a legalidade e a prudência que exige, pode se tornar em um factor de instabilidade económica, política e social, e nesse aspecto a sociedade civil tem um papel importante como factor de estabilização do país.

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Infelizmente temos uma sociedade Civil fragilizada, cooptada por interesses políticos e económicos e envolvida numa teia de tráfico de influência que a deixa sem moral de moralizar a sociedade, uma sociedade civil que não tem nenhum feito de relevo e sempre que tem alguma iniciativa aparecem os partidos políticos a fazerem aproveitamento.

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Os partidos políticos têm uma postura tão arrogante que as faz pensar que todas as conquistas do povo angolano pertencem a eles, desde a conquista da independência nacional e da paz. É por isso que se sentem no direito de usar e abusar dos recursos do país e aqueles partidos que perderam na corrida para o domínio do poder político, hoje focam sua luta não na melhoria da qualidade de vida dos angolanos, mas sim na sua parte do bolo por terem lutado pela independência e pelos activos que perderam durante a guerra civil (edifícios e outro património, cargos do governo e salários como deputados).

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Na verdade os partidos políticos dão entender que eles são a sociedade civil, mas não são, apenas usa-nos como carne de canhão e como agentes legitimadores da desgovernação e do saque no nosso país.


Décadas depois de os partidos políticos terem usado seu poder militar para subjugar a sociedade civil aparecem enfraquecidos, sem moral, mais uma vez precisam da sociedade civil, mas agora é hora da sociedade civil colocar o poder do Estado aos seus pés, porque os partidos políticos são incapazes de desenvolver e modernizar o nosso país, criar um sistema de boa governação, reconciliar os angolanos, garantir a unidade nacional e a harmonia étnica. Porque se fossem capazes já o teriam feito, pois não lhes faltou nosso apoio e cooperação, não lhes faltou recursos, não lhes faltou tempo. Lhes faltou capacidade e competência porque foram fundados na base da intolerância, por isso mergulharam o país em uma guerra durante décadas que só terminou não pelo bom senso ou por amor a pátria e aos milhares de pessoas que morriam com minas colocadas na sua própria terra e com bombas compradas pelo diamante roubado da sua própria terra. A guerra só terminou porque um dos partidos políticos ficou sem recursos.

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Vamos de eleições a eleições vendo o teatro desses mesmos actores a prometerem as mesmas coisas em todas as campanhas, a UNITA por exemplo em todas as campanhas usou a palavra “MUDANÇA” como chave para propaganda política nas três últimas eleições e o MPLA usa a frase (FUTURO MELHOR) como palavra chave das suas propagandas políticas. Isso mostra que eles sabem que o povo anseia pela mudança e por um futuro melhor. Mas sinceramente todos sabemos que esses partidos não andam comprometidos com a Mudança porque a sua estrutura de interesses políticos e económicos é dominado pelos mesmos actores a décadas através de ligações étnicas e familiares. Já a promessa de um futuro melhor é uma autentica falsa, porque afinal que futuro melhor se espera de uma população jovem desempregada, em um país endividado e com o governo corrupto que prioriza a todo custo a sua manutenção no poder?

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Está na hora de os cidadãos unirem-se porque apesar de sermos indivíduos fracos dentro desse poder do estado e dos partidos políticos, unidos somos uma força imponente, devemos exercer nosso direito de cidadania dentro de um verdadeiro Estado Democrático de Direito, sem precisar nos inclinarmos aos políticos e deixar que eles se aproveitem sempre dos nossos feitos. Devemos estar unidos contra a arbitrariedade do Estado que acha por exemplo que devemos pagar impostos para cobrir a dívida que eles fizeram para ter uma vida de luxo e contas bancárias em paraísos fiscais. Somos mais fortes que suas organizações juvenis e suas associações bajuladoras, precisamos unir todas as forças, ter uma comunidade científica, instituições académicas, escritores, cantores, associações civis, organizações religiosas, etc., livres das amarras dos interesses políticos e económicos. Para dar um basta a essa promoção do despotismo, a injustiça social e desigualdade.