Menongue - Angola é sem sombra para dúvidas um país onde tudo pode acontecer, desde os primórdios da proclamação da independência pelo então regime monolítico do Mpla, que Angola tornou-se num autêntico palco de exibições político-militares extraordinárias, que se foram transbordando nos cordões da nossa passividade até aos nossos dias.


Fonte: Club-k.net

 

Nos últimos dias, Angola tem demonstrado à comunidade nacional e internacional a sua verdadeira face, a assumpção de ser uma “República das Bananas e do Atipismo”, liderada há décadas pelo Eng.º José Eduardo dos Santos e do seu regime. Embora a comunidade internacional vá fingindo até a exaustão deste facto ignóbil, por defender de pedra e calos os seus interesses meramente económicos em detrimento das questões subjacentes, como os objectivos do milénio e dos direitos humanos, nada faz para pressionar este regime a mudar de políticas. Mas nós angolanos não devemos ficar impávidos e como que presos aos caprichos daqueles que impuseram uma nova ordem governamental em Angola, ordem está, que os doutrinários constitucionalistas e sociólogos deviam estudar com profundeza necessária, porque alega-se tratar-se de uma invenção do ponto de vista político-constitucional, a maneira de o Mpla abordar o seu modelo de governação e de manutenção desesperada no poder.


Ora, Angola foi às urnas 16 anos depois, realizando as eleições legislativas, que deram larga maioria ao Mpla, e acordou-se que as presidenciais se realizariam este ano, mas o povo mais uma vez ficou ludibriado nas fintas de JES, ao condicionar as eleições presidenciais à aprovação do texto constitucional, mesmo depois do Orçamento Geral do Estado já ter alocado despesas para as respectivas eleições. Deixando aos nervos à flor da pele os candidatos independentes, que agora viram os seus sonhos a ser renegado com a nova proposta do Mpla, proposta está que veio debilitar ainda mais a participação do cidadão na vida pública do país consagrada no art.º  28.º da LC., este comportamento impertinente de Sua Excelência Senhor Presidente da República, remete-nos a repensar melhor Angola, porque queremos efectivamente construir um país novo, um país que se está a erguer dos escombros de uma guerra fratricida, fruto das opções ideológicas que se impuseram logo após a proclamação da independência, porque foi a partir daquele momento que se começou a desenhar este quadro de exclusão, isto implica, que estamos a colher apenas o que plantamos no percurso da história contemporânea angolana.

 

Angola caracteriza-se como sendo um Estado liberalmente comandado por generais fiéis aos desígnios particulares de um “deus-homem”, que é já um símbolo de culto de personalidade por parte daqueles que estão sob a sua alçada quer no partido em que é presidente, quer no governo, ao ponto de um desses bajuladores natos ter afirmado que em Angola ninguém estaria em condições de assumir a Presidência da República senão o camarada Eduardo dos Santos, isso espelha bem o quanto a bajulação está a crescer no seio dos nossos concidadãos, tudo isso para não perderem o pão e agradar cada vez mais o chefe, mas a nossa maneira atípica de adoração não acaba por aqui, é que, agora deu para incluir no novo Bilhete de Identidade efígies de duas figuras ligadas ao partido da situação, como acontece no dinheiro, numa clara demonstração de devoção ao príncipe, que pelos vistos não se cansa de se enaltecer, pois perante estes actos ilícitos, inconstitucionais não reage, e permitindo assim uma banalização da figura do PR pelos seus confrades, que não se importam, apenas estão interessados a manterem-se nos seus cargos e deleitarem-se das benesses da Rés pública.

 

A oposição política em Angola, infelizmente também está infectada pelo vírus do atipismo, visto que ainda não conseguiu encontrar-se, e ter como objecto do seu trabalho a pedagogia política e a concertação de ideias inter-partidárias, felizmente ouviu-se os grito de socorro e parece que já temos um Fórum de Concertação Política que espero que venha a ter êxitos e produzir resultados concretos, porque a sociedade está farta de ideias, projectos e reuniões, que não passam disso.


Eis que urge a necessidade das pessoas que têm responsabilidades acrescidas neste país, consciencializarem-se de que ainda somos uma nação em construção, e como qualquer outra, temos as nossas particularidades, que nos diferem das demais, o que não nos dá legitimidade para estar sempre à margem das normas constitucionalmente estabelecidas, só porque agora queremos ser inventores de modelos atípicos, fundamentados em argumentos supérfluos e claramente conotados com uma cor partidária, porque desta forma não se está a construir um país para todos, mas sim para alguns, e a questão que se impõe é: porque razão se está a ir por esta via?! Por vontade eterna de se manter no poder? se for está a explicação para tanto atipismo, é melhor repensar essas posições, porque estamos em democracia e as de maiorias são sempre sazonais, por isso não devemos, construir um país à medida de quem está no poder, porque desta forma nunca serão respeitados os princípios da observância constitucional, e teremos uma constituição como que privada e outorgada, e é isto que se avizinha se o Mpla não tiver bom senso e aceitar que Angola é de todos.


Angola terra do atipismo, porque será?! É muito simples entender este fenómeno, a prior importa realçar que, fomos nós mesmos que adoptamos esta terminologia, a quando do momento em que passamos a considerar-nos “especiais”, sim especiais, porque somos atípicos, cidadãos conformistas e aprendemos desde tenra idade que uns são heróis e outros diabos eternos, aprendemos também que apenas um movimento de libertação nacional, bateu-se para o alcance da nossa independência, está moldagem que a comunicação social e a educação levaram às comunidades, fez com que atipismo se desenvolve-se geneticamente no seio da população e se implanta-se de tal forma que, se tornou numa sina que nos persegue e torna-nos reféns da pseudo-democracia reinante na República das Bananas Atípicas de Angola.