Icolo e Bengo - Um inquérito para apurar o desvio de 332 milhões de kwanzas concedidos pelo Fundo Coca-cola para realização de projectos sociais na comuna de Caculo Canhango, decorre no município de Icolo e Bengo, em Luanda.

Fonte: Angop

Fontes da administração municipal de Icolo e Bengo e do Serviço de Investigação Criminal (SIC) confirmaram hoje (quarta-feira) a existência de um processo crime relacionado com o desaparecimento desse montante e que o mesmo já foi encaminhado a Procuradoria Geral da República.

 

Em declarações à Angop, à margem de uma visita de constatação dos projectos financiados pela Coca-cola, a presidente do conselho fiscal do Fundo, Maria Amélia Rita, disse não confirmar nem desmentir o desaparecimento do dinheiro disponibilizado para a comuna de Caculo Canhango.

 

Maria Amélia Rita disse não dominar a ocorrência. “Estamos a munir-nos de toda informação possível, mas não lhe posso confirmar nem desmentir por não ter dados concretos”, afirmou.

 

De acordo com a presidente do CF, os projectos sociais financiados pelo Fundo Coca-cola, desde 2014, em Icolo e Bengo, iniciaram bem, mas depois tiveram um período de incumprimentos por falta de pagamento aos empreiteiros, levando à interrupção das obras.

 

Terça-feira, 5, o conselho fiscal do Fundo Coca-cola constatou o grau de execução dos projectos sociais, concebidos para melhorar a condição de vida da população, com destaque para cabines eléctricas, postos de transformação de energia e as 82 casas sociais erguidas na comuna de Bom Jesus, abandonadas e vandalizadas há mais de sete anos.

 

A presidente do conselho fiscal recomendou que o Fundo Coca-cola faça a entrega formal das 82 casas à administração local e que esta as distribua aos populares interessados.

 

Os membros da conselho fiscal visitaram igualmente um terreno com vários hectares, em Bom Jesus, onde devia ser instalado um polo industrial para a região de Icolo e Bengo, com arruamentos asfaltados, cabines para ligação de energia, água canalizada, entre outros empreendimentos.

 

A Angop constatou que o terreno, em estado de abandono, foi financiado pelo Fundo Coca-cola, em 2010, ainda sob responsabilidade da província do Bengo, quando o município de Icolo e Bengo fazia parte daquela circunscrição.

 

Maria Amélia Rita recomendou que a administração local faça a gestão do local, concedendo lugares as empresas que queiram explorar o espaço, pagando os respectivos emolumentos e construindo projectos sociais para o bem da população local.

 

“Esta população precisa de ver melhoradas as suas condições socioeconómicas, e quando recebemos os recursos devemos ter a seriedade de usá-los de forma honesta e transparente em projectos que beneficiem a população”, desabafou.

 

O actual conselho fiscal do Fundo Coca-cola tomou posse a 30 de Julho de 2019.

 

O Fundo Coca-cola é resultante do pagamento de impostos de produção dos produtos da fábrica com o mesmo nome ao Executivo angolano.

 

A instituição tem como objecto o financiamento de projectos empresariais localizados, preferencialmente, na região do Projecto Coca-Cola (Bom Jesus) nos municípios de Icolo e Bengo, Quiçama, e no Pólo Industrial de Viana.

 

Constituído em 2000, o Fundo do Projecto Coca-Cola já financiou, entre outras, iniciativas de rotulagem e comercialização de produtos hortícolas, refeições condicionadas e lanches escolares, unidade de produção, transformação e comercialização de produtos agrícolas e fábrica de sumos naturais.