Luanda - Adalberto da Costa Júnior, de 57 anos, tornou-se hoje o terceiro presidente da UNITA, o principal partido da oposição angolana, depois do fundador Jonas Savimbi, e do líder da transição, Isaías Samakuva.

Fonte: Lusa

O novo líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que derrotou outros quatro candidatos na eleição hoje decidida no XIII Congresso do partido, entrou na corrida com uma candidatura condicionada -- teve de fazer prova da renúncia à nacionalidade portuguesa --, mas foi dado como um dos favoritos desde o início.


Nascido a 08 de maio de 1962 em Quinjenje, então na província de Benguela e atualmente pertencente ao Huambo, com 44 anos de militância no partido do "Galo Negro", o deputado e líder do grupo parlamentar da UNITA conheceu Jonas Savimbi em 1975, no Seminário de Quipeio, na Caála, e regressou a Benguela com o início da guerra civil.


Francisco Costa, o seu irmão mais velho, era na altura Comandante da Polícia Militar da UNITA, o que somado às opções dos pais, também militantes, pesou na sua decisão de aderir ao partido de Savimbi.


Em 1977, altura em que se deram os acontecimentos conhecidos como "Fraccionismo", com início em 27 de maio, foi juntamente com outros alunos do liceu levado para um campo no Lobito, onde presenciou o fuzilamento de centenas de pessoas.


"Este episódio ficou-me gravado fortemente até aos dias de hoje e reforçou-me as opções políticas", escreve na sua nota biográfica.


A militância da família teve desfechos infelizes, com o pai a ser preso e o cunhado a ser fuzilado após ser detido múltiplas vezes.


Adalberto da Costa Júnior sai de Benguela para Luanda em 1978, para escapar a uma mobilização forçada, e é a partir daí que "depois de muitos esforços", consegue um salvo conduto e parte para Portugal, onde vai dividir o tempo entre a formação académica, concluindo o curso de engenharia eletrotécnica no Porto, e a militância partidária.


Durante alguns anos é responsável pela JURA, organização juvenil da UNITA, e depois pelo partido no Porto, apresentando-se como "um mobilizador de relevo, com trabalhos de apoio ao esforço da resistência no interior do país".


Enquanto estudante em Portugal e já responsável pelos comités do partido, chefiou a delegação da UNITA que recebeu Jonas Savimbi, no Porto, nos finais dos anos de 1980, e em 1991 é chamado à Jamba e nomeado representante da UNITA em Portugal.


"Com passagens regulares pelo interior do país, coube-me a partir de Lisboa, acompanhar com prioridade a situação dos quadros da UNITA detidos em Luanda", conta, referindo várias missões externas, das quais destaca a luta contra as sanções e a busca da paz, a partir de Roma e do Vaticano, sob orientação de Savimbi.


Após a morte do fundador do partido, em 2002, regressa a Angola e é nomeado secretário provincial em Luanda, participando na organização dos quatro congressos realizados desde 2003.


"O cartão de membro de 1975, sempre me acompanhou, ora no forro dos casacos, ora na contra capa dos sapatos, ora escondido nas contracapas das pastas, passou pelos controlos, em momentos de grande risco e tem hoje as marcas destes longos anos e percurso", conclui na sua nota biográfica.