Luanda - Já tenho o áudio do ano de 2019. A minha escolha recaíu sobre as declarações/revelações feitas no Tribunal pelo General José Maria relativamente aos acontecimentos militares ocorridos no Cuito Cuanavale entre 87/88.


Fonte: Club-k.net

São verdadeiramente assombrosas, mas devo desde já adiantar que não me surpreenderam mínimamente, pois encaixam perfeitamente na ideia que sempre tive e partilhei sobre o assunto.


Desde o início do "projecto Triângulo do Tumpo" agora assumido publicamente por Zé Maria, que eu estava convencido que a intensiva exploração político-mediática da tal batalha, após mais de 20 anos de completo silêncio oficial sobre a mesma, tinha mais a ver com uma estratégia do próprio "eduardismo" no âmbito do endeusamento de JES que então estava em curso, do que propriamente com a (re)valorização histórica do confronto.


Na verdade, a campanha iniciada em Novembro de 1987 e que visava desmantelar a Jamba enquanto quartel-general da UNITA, acabou por se transformar num pesadelo para as FAPLA com mais de 4 mil baixas, sem que o tal objectivo tivesse sido minimamente alcançado.


Não sei se na época Zé Maria algum dia esteve no terreno dos confrontos ou se participou directamente em alguma acção. Mas agora sabe-se que só ele é que sabia do tal triângulo e que foi ele que acabou por criar a "narrativa tumpística" graças às suas descobertas pessoais não sei quantos anos depois.


Uma "descoberta" que pelos vistos não foi nada barata, tendo mais uma vez sido "o Braga o tesoureiro".


No "nosso Pravda" dois jornalistas de renome participaram activamente na divulgação desta narrativa, que também visava retirar/limpar os cubanos daquela história, onde passou apenas a haver lugar para os militares angolanos comandados por JES promovido, entretanto, à categoria de grande estratega militar.

Reginaldo Silva / Jornalista