Luanda - Integra da intervenção do deputado Lourenço Lumingo na discussão do OGE 2020, na Assembleia Nacional.

 

Excia presidente da Assembleia nacional Caros Colegas
Ilustres auxiliares do Poder Executivo


Eu vou intervir na qualidade de ser deputado do povo, para o povo e pelo povo. Vamos aprovar mais um orçamento que como é de habito, nos últimos 44 anos, virado para a cidade. Um Orçamento que vai novamente trazer a desgraça, a fome, agudizar a pobreza, o desemprego e muito mais no seio da população. Não é admissível que se castigue o povo com a pobreza e fome, para se pagar dívidas de governações irresponsáveis.


A minha questão é a seguinte. Quando é que teremos um orçamento a pensar nos mais pobres, um orçamento que pode chegar um dia aos meus irmãos lá do Nganda-Cango, Nviede, Pangala, nos Micumas, no Alto Sundi, Luali, Madombolo, Chiweca, Tando Zinze, etc? Até quando esta discriminação?


Enquanto estamos aqui, lá fora a população está em pânico, pelo o custo de vida estar cada vez pior, o salário nem para alimentação está a servir, para não falar de quem anda desempregado por causa de politicas publicas mal gizadas por quem governa o país.


Não é normal, quando num país o preço de saco de arroz vai se tornando cada vez mais famoso que o vice-presidente da república. Há vezes que eu penso que, o Mpla fez um pacto com o diabo para castigar este povo.


Enquanto isso em Cabinda, o paludismo vai matando as crianças todos os dias e, o próprio governo cria condições para a reprodução de mosquitos como é o cenário da realidade do largo da Sé Catedral, Chiloango e do Ambiente que deixou de ser largo do ambiente para ser largo dos mosquitos.


Por outra, as ravinas vão tomando de assalto alguns bairros de Cabinda, facto que causa insónia aos moradores, pois, por falta de parques infantis as crianças utilizam-na para as suas brincadeiras de infância e, quando as chuvas caiem, os moradores ficam em alerta e de vigília, vão pedindo à Deus para que o pior não aconteça.


A Saúde é uma preocupação que sempre trazemos à tona, 44 anos depois da independência os problemas continuam ser os mesmos, falta de quase tudo, os pacientes são obrigados a comprar uma simples seringa para se tratar e em alguns casos até como na pediatria do hospital provincial de Cabinda, 3 a 4 crianças são internadas na mesma cama e cada uma com uma doença diferente, para não falar da maternidade do primeiro de Maio designado hoje como maternidade assassina que por falta de camas, colocam os recém-nascidos nas incubadoras avariadas que na maior parte das vezes, por distração dos técnicos da saúde, as mesmas perdem vida por asfixia.


Na área dos petróleos, inventaram trazer angolanização no sector, todos ficamos satisfeitos, afinal, era uma estratégia para correr com as empresas estrangeiras colocando assim as suas, para empobrecer, maltratar os seus irmãos angolanos, oferecendo salários míseros, num câmbio de 9.500 kzs por uma nota de cem dólar,
motivo que desmoraliza o trabalhador que por falta de opção e não saber onde se queixar, é obrigado a trabalhar sob pena de ser escorraçado. Tudo isso sob olhar dos Ministros dos petróleos e de Emprego e Segurança Social. Caso para se dizer, continuamos a ser governados com mentiras e manipulações de verdades sem vontade manifesta da mudança.


Nas obras públicas, espero que as rubricas postas neste OGE para a construção de infraestruturas em Cabinda, não sejam só para o inglês ver, porque, estamos habituados a ser marginalizados. Vejamos um exemplo muito claro, estou a dois anos nesta casa das leis, em todos os Orçamentos aprovados, as rubricas para Cabinda são sempre as mesmas. “Construção da direção provincial do SIC, construção de vala de drenagem morro do Tchizo, construção de casas sociais, construção do Campus universitário, construção centro politico administrativo, construção de infraestruturas integradas”. Parece que vocês, têm isso guardado nos vossos computadores, quando chega a hora de elaborar o OGE, a única coisa que fazem é copiar e colar. Quando e como é que Cabinda pode desenvolver desta maneira? E os milhões orçados nestas obras todos anos vão aonde se as mesmas andam abandonadas e esquecidas?


No dia 15 de Agosto na mensagem sobre o estado da nação o presidente da república prometeu publicamente retomar as obras de construção do porto de águas profundas do Caio até antes do final deste ano. Restam alguns dias para o término do ano, não estamos a ver nenhum sinal. Aliás, eu pessoalmente não acredito na conclusão da aquela obra, porque tinha dito um alto dirigente deste país nas vestes do secretario geral do seu partido o seguinte: “Construir um aeroporto internacional e o porto de águas profundas em Cabinda é dar a independência aos Cabindas”. Estas palavras até hoje me machucam por dentro pois, quando vão à Cabinda buscar milhões e milhões de barris de petróleo para construir centralidades, viadutos, mediatecas, refinarias de petróleo nas outras cidades, ninguém fala da independência, mas, quando é para se construir infraestruturas que poderiam dar emprego aos meus irmãos em Cabinda e levar o desenvolvimento na área todos ficam céticos.


Para terminar, aproveito apelar ao meu povo, que não perca as esperanças, a esperança é a ultima coisa a morrer. Até porque a própria bíblia diz “não haverá pedra sobre pedra”. Um dia esta gente há de pagar por tudo que tem feito.


Que deus abençoe Cabinda
Sialano Bubote
Muito Obrigado