Luanda - Manter um canal de televisão em funcionamento não é tarefa fácil. Sobretudo quando depende do OGE e vive sobredimensionado, com custos de manutenção, a preços incomportáveis, para o actual momento de crise económica que vivemos.

Fonte: Club-k.net

A TPA, que é de todos nós, é uma estrutura útil, feita com sacrifícios mil e entrega militante dos seus profissionais, cujas vidas se confundem com a própria história do canal público. Produzir televisão em Angola, como dissemos, não é tarefa fácil e acho que temos de ser francos, em dizer que sai muito caro ao bolso dos contribuintes, que dão parte do que é seu, através dos impostos, para termos em nossas casas, a informação e outros conteúdos, sobre o país e o mundo.

 

A nossa TPA vai, segundo o que soubemos, depois da visita do Presidente da República, merecer um apoio financeiro, que lhe vai permitir fazer face ao processo de actualização dos seus equipamentos, para deste modo responder com a qualidade exigida, à produção televisiva que todos almejamos.

 

Um sinal digital de qualidade terrestre, e meios compatíveis com as espaçosas e belas instalações que possui em Camama, são requeridos. A seu favor foi produzida e aprovada em 2017, uma lei que estabelece as bases de implantação no país, da Televisão Digital Terrestre, TDT, em 2017, com base na tecnologia japonesa, acordada com o nosso Governo.

 

A nossa TPA, que em períodos de grandes eventos, sejam eles políticos ou de natureza específica mereceu sempre prioridade, no que diz respeito a investimentos e aquisições de equipamentos actualizados, que lhe permitiram oferecer qualidade nas suas emissões para todo o país e até para o mundo, com o serviço TPA Internacional, disponível por cabo, para vários países é um órgão que necessita de reforçar a sua capacidade de produção televisiva para ganhar o mercado e obter ganhos do ponto de vista comercial, como faria qualquer organização empresarial. A publicidade é uma fonte de rendimento não negligenciável em televisão.

 


Contas feitas, a TPA ampliou a oferta de serviços com as novas instalações e também os gastos em moeda forte, para aquisições periódicas de meios tecnológicos e de equipamentos de ponta. Equipamentos esses, apresentados num documento submetido à consideração do Chefe de Estado, durante a sua visita às novas instalações do Camama, onde se constrói o novo conceito de televisão, à luz das modernas técnicas de produção. Em jogo estão milhões de dólares para renovar o que há 10 anos atrás era novidade em termos tecnológicos.

 

A TPA tem neste momento condições infraestruturais à medida dos seus projectos audiovisuais. Estúdios modernos e espaçosos. Áreas para realização de obras de ficção (telenovelas, séries e outros produtos áudiovisuais) e programas televisivos de grande impacto, que se traduzem num investimento público volumoso e difícil de ser suportado, apenas com as alocações do OGE.

 

Na minha modesta opinião o modelo de subvenção única do Estado é dispendioso. E pelo andar da carruagem, a melhor solução para a nossa TPA, a prazo, passa pela abertura de parte do seu capital, ao sector privado.

 

Com esta partilha de responsabilidades poderemos ter uma televisão moderna e orientada para a inovação, quer tecnológica, quer em matéria de produção.

 

A visita recente do presidente da República ao centro de produção de Camama deu para perceber que a nossa televisão pública precisa de um novo sopro de vida, tendo em conta o seu crescimento e modernização de serviços, para estar ao nível da qualidade oferecida pela concorrência, neste caso da TV Zimbo e Zap News, que com menos meios conseguem oferecer um sinal de qualidade em HD, reconhecido por todos nós.

 

Em 44 anos de existência, a TPA, cresceu em termos de infraestruturas, mas não melhorou a sua plástica e conteúdos. Não consegue oferecer imagem de qualidade, pelo menos em HD, a exemplo daquela oferecida pelas concorrentes. E sobre o assunto, há quem diga que o único espaço bom que a TPA tem é o telejornal.

Portanto, não basta apenas investimentos em equipamentos e infraestruturas. É sobretudo necessário repensar na grelha de programação e conteúdos que por lá são veiculados. A actual gerência da TPA, deixou bem claro que sem investimento na base tecnológica, não é possível exigir muito da sua actual produção. Alguns dos seus meios de produção estão ultrapassados.

Ao falar dos meios de produção utilizados pela concorrência, mais versáteis e que permitem um desempenho e ganhos de produtividade, o actual PCA, Francisco Mendes transmitiu ao Chefe de Estado, o nível de estagnação tecnológica em que caíu a estação televisiva pública, por falta de investimento há alguns anos a esta parte. Chegou a comparar a TPA a um gigante velho, cujos passos lentos e obsoletos o impedem de dar saltos qualitativos com resultados espectaculares, como requer o seu objecto social.

A televisão exerce em nossas vidas tudo o que nossa imaginação pode produzir em tempo real, para as nossas casas em nome do bem estar espiritual e cultural.

A TPA que possui representação nas 18 províncias pode sob gestão partilhada, com o sector privado, quer em regime de parcerias público-privadas ou outras, ter melhor desempenho e capitalizar sinergias para produzir e exigir mais aos seus centros regionais, ou seja, resultados produtivos fantásticos, que podem servir áreas como o Turismo, as Ciências e outras actividades inseridas no Plano de Desenvolvimento Nacional, que
permitam ao consumidor final ter um produto que satisfaça as necessidades de vários tipos. Angola é ainda um país por descobrir, sobretudo no plano do seu potencial natural e humano.

Alguns países que vêm explorar as nossas riquezas são portadores de um conhecimento exemplar da nossa realidade. Portugal, por exemplo, estuda o caso angolano, nas suas universidades e quando discute a cooperação com o nosso país, fá-lo com dados científicos e meios, que nos colocam na situação de subserviência e dependência total em domínios do saber e da tecnologia, que estão perfeitamente ao nosso alcance.

As grandes consultoras que cá trabalham são autênticos ninhos de sabedoria, que vendem os seus préstimos a peso de ouro, quando nós, com os nossos meios e política centrada no cidadão podemos realizar planos de formação e de aplicação científica.

Angola precisa de sorrir com uma televisão que não represente um peso, juntando forças, com o capital humano que tem, na estrutura produtiva, e gerar um conceito de produção com menos custos e partilha de responsabilidades financeiras.

No final de contas todos ganham com isso. O público consumidor e os profissionais do negócio televisivo, com base no chavão tão conhecido entre nós, segundo a qual a união faz a força.!

ANDRÉ PINTO