Lisboa - Foi “com surpresa” que Sindika Dokolo recebeu a notícia do arresto de bens. O empresário congolês (RDC) afirma que “um estado de direito que se respeita” não toma “este tipo de medidas, um processo judicial sem as partes estarem ao corrente” e acrescenta que o arresto pode “condenar as empresas à morte”.

Fonte: RFI

Um “julgamento de sentido único” que se inscreve numa narrativa global que tenta passar a imagem de “que o problema em Angola é a família José Eduardo Dos Santos”. O marido de Isabel dos Santos reconhece que a corrupção existe em Angola, mas refuta a concentração do problema nele e na sua mulher: “Se o problema da moralização da sociedade angolana, o problema da corrupção em Angola fossemos nós (a minha esposa e eu), a sociedade angolana não estaria na situação de dificuldade e a economia não estaria na situação de quase falência em que se encontra actualmente e que piorou nos últimos dois anos”.



Isabel dos Santos e Sindika Dokolo detêm partes das grandes empresas angolanas. Questionado sobre se esse facto só por si não comprova que foram beneficiados pelo sistema, o genro de José Eduardo dos Santos reponde: “sou capitalista. Considero-me um oportunista. Tento sempre capitalizar as oportunidades para criar actividade, emprego e riqueza, mas é assim que se constroem as economias e os países em economias liberais. Se de facto a proximidade com o centro de decisão é um factor que favorece em relação ao acesso à informação e contactos? É claro que é verdade”, mas diz o empresário que essa proximidade não é exclusiva do casal.



Em entrevista à RFI Português, Sindika Dokolo garante que foram apresentados à justiça “documentos falsos e falsificados” e feitas acusações que são “completamente falsas e ridículas”.



“Fazer um processo em segredo dá a oportunidade de contar uma versão falsa sem risco de contra narrativa. É isso que denuncio, é isso que para mim é uma prova óbvia que a motivação é completamente política”.



O coleccionador de arte clássica africana não tem dúvidas, esta decisão judicial “é apenas uma desculpa para assassinar o primeiro grupo económico em Angola e para mostrar que tudo o que foi feito na altura de José Eduardo dos Santos era só corrupção”.



Sobre estratégias de defesa, Sindika Dokolo diz que “somos filhos de quem somos, mas não vamos deixar que ponham o nosso nome na lama. Vamo-nos defender”.