Luanda - A usurpação de terrenos por parte de altas patentes das Forças Armadas Angolanas (FAA) e da Polícia Nacional não é nova.

Fonte: Mira do Crime

Aliás, a criação da Região Militar de Luanda, cujo comandante foi o general Simão Carlitos ‘Wala’, foi no sentido de travar os apetites vorazes destas individualidades, algumas ligadas ao partido no poder (MPLA) de se abocanharem dos terrenos dos mais desfavorecidos, como é o caso dos camponeses.

 

Em declarações a Rádio Despertar, o presidente da Associação Ana Ndengue, Santos Mateus Adão, diz que a principal figura que supostamente tem estado a vender os terrenos dos camponeses, nos últimos tempos, em conluio com a cooperativa Lar do Patriota é o antigo secretário-geral do MPLA, Julião Mateus Paulo ‘Dino Matross’.

 

“O camarada ‘Dino Matross’ é a pessoa que ordenou que o Patriota tinha que fazer casas. É o camarada ‘Dino Matross’ agora que está sempre nos terrenos a orientar o camarada Sacrifício para nos correr daqui e ele continuar a vender terreno”, denunciou Santos Mateus Adão.

 

Segundo o presidente da Associação Ana Ndengue, Dino Matross chegou a fazer um documento mas nunca chegou a cumprir o que ele próprio redigiu. “E ainda fez uma fachada a dizer que iria construir, mas afinal foi uma combina entre ambos. Tudo porque o camarada Dinguanza morreu, tendo sido substituído pelo camarada Dino Matross”, acrescentou, para depois afirmar que há provas concretas do envolvimento daquele político na usurpação de terrenos.

 

“Há provas concretas, principalmente porque um desses terrenos é da Associação. Ele vedou o terreno, colocou outra empresa para a construção, afinal de contas é para ele vender o terreno”.

 

Por outro lado, Santos Mateus Adão denuncia que de um total de 309 hectares que estão ser vendidos ilegalmente, 200 hectares já foram comercializados supostamente por uma empresa criada por Dino Matross, actualmente deputado a Assembleia Nacional pela bancada parlamentar do MPLA.

 

“O terreno é pertença da associação e por outro lado, os camaradas do Patriota evadiram o terreno sob alegação de ser de uma associação porque todos os compromissos acordados não foram cumpridos, até mesmo a oportunidade para negociar a venda do terreno”, garantiu.

 

Neste sentido, sublinha, os mesmos são invasores e além de Dino Matross existem outras individualidades envolvidas na usurpação de terrenos daquela associação no Lar do Patriota.

Comandante da Polícia e ministra envolvidos?

 

Este responsável da sociedade civil denunciou que entre os visados nestas usurpações está um suposto comandante da Polícia Nacional identificado por Manuel Chiquito. “Ele é comandante da Unidade Operativa de Luanda (URP). Ainda no dia 01 deste mês apareceu aqui com a sua tropa com o objectico de mandar parar a máquina.

 

Mas nós sabemos que esse é um trabalho da Fiscalização e não de um agente ou comandante da Polícia Nacional que não tem qualquer autoridade nas questões de terrenos”, explicou, para depois garantir que além deste suposto comandante está também entre os usurpadores uma vice-ministra.

 

“Estamos a nos referir da senhora Maria do Rosário Sambo, vice-ministra do Ensino Superior. E só para ter uma ideia, aqui mesmo onde nós estamos foi ela quem comprou este espaço”, disse Santos Mateus Adão, acrescentando mais adiante que no caso da vice-ministra, ela adquiriu um espaço de 11 hectares que já foram vedados com um muro de mais de 10 metros de comprimento com blocos de 15.

 

“Só para terem uma ideia, uma pessoa desta onde é que tirou dinheiro para uma obra destas?”, questiona.

 

Engana-se redondamente quem pensa que a lista terminou.

 

Da extensa lista de usurpadores de terrenos do presidente da Associação Ana Ndengue, tal como denunciou, consta também o nome do Secretário de Estado do Ministério do Interior, identificado por Salvador Rodrigues.

 

“Além destes, também temos aqui o general Higino Carneiro com um espaço enorme, irmãos Pitabel, a ex-primeira dama Ana Paula dos Santos também tem um terreno, o general Hendrick, presidente do 1º de Agosto tem aqui um terreno enorme, guarnecido por militares que trabalham à paisana mas que são abastecidos Diariamente por um carro militar”, sustentou, deixando para o final altas patentes das Forças Armadas Angolanas (FAA) e da Polícia Nacional.

 

“Neste grupo de pessoas estão também os generais Carlitos Wala, exonerado da Região Militar de Luanda pelo ex-Presidente José Eduardo dos Santos poucos dias antes de deixar a presidência, Leopoldino do Nascimento, ou simplesmente ‘general Dino’, Zé Maria, o 2º Comandante da UGP, o Comandante provincial de Luanda,  Cerqueira, que tão logo ascendeu ao posto de comandante da Polícia em Luanda, a sua intenção foi de ter um terreno naquela zona considerada nobre”, concluiu.