Lisboa - Cartas rogatórias de Luanda pedem a Portugal que notifique os portugueses próximos da empresária, constituídos arguidos na quarta-feira, para depois serem interrogados. PGR angolano pediu rapidez.

Fonte: Observador

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A justiça angolana quer que Portugal notifique os portugueses que foram constituídos arguidos no processo-crime aberto contra Isabel dos Santos em Luanda. Numa entrevista à RTP, depois de ter estado reunido com a Procuradora-Geral da República (PGR) portuguesa, o PGR de Angola explicou que essas cartas pedem ao Ministério Público que localize os suspeitos em causa e os notifique da constituição de arguidos, para depois serem interrogados.

 

Houve a constituição de arguidos, alguns deles são portugueses e têm residência permanente aqui em Portugal. É necessário que eles sejam notificados do despacho que os constitui arguidos para, a partir daí, posteriormente, poderem ser interrogados. Portanto, pedimos à PGR de Portugal que cumprisse essas cartas rogatórias com a maior brevidade possível”, explicou Hélder Pitta Grós.


Na quarta-feira, numa conferência de imprensa em Luanda, o PGR angolano tinha anunciado que Isabel dos Santos e quatro portugueses com ligações à empresária tinham sido constituídos arguidos, pelo alegado desvio de mais de 100 milhões de euros da Sonangol, em 2017. Esses quatro portugueses são os gestores Mário Leite da Silva e Paula Oliveira, o advogado Jorge Brito Pereira e o antigo diretor do private banking do EuroBic, Nuno da Cunha Ribeiro, que morreu nesse mesmo dia.

 

Além da celeridade no cumprimento das cartas rogatórias, Hélder Pitta Grós revelou que também discutiu com Lucília Gago, no encontro em Lisboa, as “questões comuns” relacionadas com o processo, nas quais Portugal e Angola podem trabalhar em conjunto. A começar pela investigação a eventuais crimes de branqueamento de capitais nos negócios de Isabel dos Santos, tendo em conta que o dinheiro usado para entrar em várias empresas portuguesas será, na perspetiva de Luanda, ilícito.

 

Angola, pelo menos, pensa que o dinheiro que foi utilizado em alguns negócios aqui da Sra. Isabel dos santos tem uma proveniência ilícita. E, portanto, se foram tirados de Angola de uma forma ilícita e usados em Portugal, aí já há uma questão que é comum”, concluiu.


Os dois procuradores-gerais deverão agora manter-se em contacto. Até agora, diz Pitta Grós, “tem sido frequente neste processo e noutros processos a troca e cruzamento de informações”.