Luanda - A ministra das Finanças de Angola, Vera Daves, afirmou, em Davos, que é necessário "respeitar o trabalho dos órgãos judiciais" nos casos de alegada corrupção em Angola, lamentando que "apenas alguns" sejam mediáticos.

Fonte: Lusa

Questionada sobre se as acusações de corrupção relacionadas com os `Luanda Leaks`, Vera Daves disse, em declarações à Euronews em Davos, na Suíça, que as investigações "estão a acontecer a tantos níveis que é uma pena que apenas parte sejam mediáticas".

"Acho que temos de respeitar o trabalho dos órgãos judiciais e ver os resultados disso chegar à nossa sociedade, com uma normalização da forma como os negócios são geridos, da forma como os serviços públicos são providenciados, e a forma como os bens e serviços são entregues aos nossos cidadãos", afirmou Vera Daves à Euronews.

A ministra das Finanças angolana, presente no fórum económico mundial de Davos, disse ser "claro" que parte da agenda do governo angolano é o combate à corrupção.

"Claro que parte da nossa agenda é lutar contra a corrupção, para todas as entidades, todas as empresas e para todas as pessoas. Todas pessoas devem respeitar a lei", afirmou, reconhecendo "alguns casos mais mediáticos do que outros".

A ministra manifestou o desejo de que quem atue em Angola, "como gestor público ou investidor privado", deva "respeitar a lei".

"Os órgãos judiciais estão a fazer o seu trabalho, assegurando que quem não respeitar a lei pague as consequências de não a respeitar", aditou.

Vera Daves salientou ainda o objetivo de "manter o foco em criar as condições para a economia de Angola crescer de uma maneira inclusiva".

"Estamos num caminho de reconstruir a confiança de investidores nacionais e internacionais em Angola, na maneira como fazemos negócios, e na maneira como nos mostramos", disse.

Para a ministra, estar em Davos é uma "oportunidade" para mostrar como Angola pretende "diversificar a economia, num modelo onde o petróleo contribui para se ver mais setores a contribuir para o crescimento".

O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ) revelou no dia de 19 de janeiro mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de `Luanda Leaks`, que detalham esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, que terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano, utilizando paraísos fiscais.

Isabel dos Santos, entretanto constituída arguida pelo Ministério Público de Angola acusada de má gestão e desvio de fundos da companhia petrolífera estatal Sonangol, disse estar a ser vítima de um ataque político e sustentou que as alegações feitas contra si são "completamente infundadas", prometendo recorrer à justiça.

Na sequência dos `Luanda Leaks`, o nome da empresária foi riscado da lista de participantes do Fórum Económico Mundial de Davos, de que a Unitel, empresa de que é acionista, era patrocinadora.