Hong Kong - A consultora Fitch Solutions considerou hoje que a economia de Angola vai crescer abaixo de 4% até final da década devido aos limitados investimentos no petróleo e aos obstáculos estruturais a uma rápida diversificação económica.

Fonte: Lusa

"A economia de Angola vai-se debater para registar níveis de crescimento semelhantes aos do período anterior ao colapso do preço das matérias primas, entre 2014 e 2016; o investimento limitado no dominante setor dos hidrocarbonetos vai pesar no crescimento, com os obstáculos estruturais a dificultarem a implantação de uma diversificação económica mais rápida", lê-se no relatório.

 

Na análise a dez anos à economia de Angola, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, os analistas desta consultora detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings escrevem que "a recuperação económica vai continuar relativamente lenta na próxima década devido à estagnação do setor do petróleo".

 

Depois de três anos de recessão, a Fitch Solutions prevê "um crescimento real de apenas 1,9% por ano entre 2019 e 2028, bem abaixo da média de 6,4% regista entre 2006 e 2015" e alerta ainda que 2020 será marcado por uma nova recessão, cuja previsão é de 0,3%, antes de regressar ao crescimento no próximo ano, com uma expansão de 1,8%, "mas com riscos a tenderem para um valor mais negativo".

 

Os riscos, explicam os analistas, "são principalmente negativos, já que a posição externa da economia ficou vulnerável a futuros choques durante a queda dos preços do petróleo, entre 2014 e 2016".

 

O setor do petróleo, de resto, é uma constante ao longo do relatório, que dá conta de uma perspetiva negativa relativamente a este setor responsável por mais de 90% das exportações do país e por cerca de 70% das receitas fiscais.

 

"Com uma diversificação económica lenta, o crescimento está dependente do setor do petróleo, mas a queda dos preços forçou as operadoras a nível mundial a cortarem na despesa, particularmente em Angola, onde o sentimento piorou devido a disputas com a Sonangol", escreve a Fitch Solutions-

 

A consultora aponta que "sem um investimento significativo, os poços em declínio em Angola vão fazer a produção cair gradualmente nos próximos anos para uma média de 4,3% por ano entre 2020 e 2029".