Brasil - Não tenho idéia do investimento ou o custo que um país como nosso deve desprender para se organizar a chamada Copa das Nações Africanas. Independentemente da falta de consenso nestes termos, custos e investimento, a verdade a ser dita sobre o famigerado CAN é uma e única. Os custos do evento para uma nação como Angola, no período pós-guerra e em fase de reconstrução, poderiam não simplesmente serem otimizados, senão mesmo evitados. Afinal detrás do CAN existem inúmeras prioridades. Até aquelas que nos tornam potenciais sonhadores de que as futuras gerações dessa nação poderão, um dia, contar com serviços sociais melhores. Onde os investimentos a esses serviços podem e devem ser feitos no presente.
Fonte: WWW.blog.comunidades.net/nelo
O País das Aranhas (XXV)
Mas para isso precisaríamos viver num país sério, ou ao menos num país de gente séria, que soubessem, por exemplo, valorizar e ou priorizar a importância que sua gente tem; que soubessem valorizar para todos os fins o sonho humano de crescer e crescer melhor, e cada vez mais, prezando-se no ideal de que todo bom fruto social no futuro é o resultado da canalização eficiente de recursos e do não desperdício destes num presente. Mesmo quando estes não saem ou vêm dos nossos bolsos, mas dos tributos que a nação deve recolher para o Estado e dos sacrifícios de cada um de seus filhos.
Se fizermos ou construirmos, em nossas agendas ou caderninhos de cabeceira, um programa de atividades preferências que um país como Angola nunca jamais deveria descuidar, privilegiar e dar preferências, ao menos num período de 20 à 30 anos, o CAN seria uma dessas atividades ou eventos que muito bem, e sem pesadelo, estaria numa lata de lixo. E se entrasse na agenda, a agenda ou caderno, estaria destinada, igualmente, ao lixo.
O CAN, atualmente, só mostra o tipo de país que queremos construir. Um país que continuará sendo dependente do resto do mundo até na hora de pensar, um país que não se importaria, mesmo daqui à vinte anos, importar até a fuba que consome; um país governado por pessoas oportunistas e cegas, onde a falta de visão destes é o reflexo da falta de consideração e do amor que deviam sentir por esse povo. Amor que um dia prometeram, mas nunca sentiram, a prova está aí: o can. O CAN é uma prova de como se pode fingir perante a um suposto amor, que julga e acredita ser amado, mas é traído de todas as maneiras possíveis. O CAN nos faz pensar a maneira como muitas vezes temos que enganar algumas namoradas em alguns relacionamentos amorosos.
O CAN é a expressão mais alta de uma condição, a condição de que tudo na vida já fiz, agora preciso relaxar e descansar, a condição do ego oportunista. É precisamente o statu egocêntrico de quem não consegue enxergar a miséria do próximo. Esta miséria que está na nossa Educação, esta miséria que faz com que os nossos cidadãos morram em portas de hospitais (sendo pacientes, clinicamente falando), mas que ninguém os enxergue nem como pacientes nem como gentes, para não dizer já como cidadãos desse país.
Se de um lado o CAN reflete a alegria de quem vive de barriga cheia e é transportado em carros de luxos; do outro lado, o CAN reflete a tristeza das pessoas miseráveis deste país, mesmo que sua situação, nunca os denuncie. Afinal o próprio CAN foi feito para estes últimos. A tristeza já não é o estado refletido nas emoções destes, mesmo porque o CAN ajuda a confundir e a camuflar essas emoções; a tristeza é a condição, a maneira, o jeito como suas vítimas devem lidar com os problemas de uma nação de gente que foi esquecida e aceitar o estado que o destino traçado por indivíduos oportunista lhes pregou. E nisso inclui o regozijo que estes têm pelo CAN. O CAN é a festa dos miseráveis! Uma festa de gente pobre feita pelos ricos e com o dinheiro do povo! É mais uma destas obras ou eventos que vem e existe para justificar toda roubalheira. O CAN pode ser festa de gente pobre, mas é a festa onde todos os corruptos, e sem exceção, participam de barriga cheia e procuram fazer todos os lances possíveis.
É a festa dos miseráveis que não deve ser abençoada por ninguém, nem com a força dos Céus, da Terra ou de quem quer que seja. É o tipo de festa a ser praguejada, derrubada por todos os trovões e qualquer tempestade ou vendaval ( ciclões e furações) que não precisa ser anunciado para reforçar a desgraça de suas vítimas; é a festa que deve ser ridicularizada por todos, principalmente se a seleção dos pernas de paus entrarem em ação. Com toda a turma de treinadores e conselheiros, técnicos ou não. Queremos que a cada derrota desta seleção de <pobres>, de mendigos, de famintos, que existe para ajudar a institucionalizar a corrupção, se protagonize todas às vezes que entrarem em pleno Campo. E que a derrota sirva a quem eles representam, ou a quem os mesmos transformaram-se num produto de uso: essa burguesia de nativos nua de princípios e de amor patriótico, que aprendeu a empunhar talheres na era pós-independência -se aprenderam- e se esqueceram do resto da população! Essa burguesia que faz da exploração doméstica a forma de contato mais próxima para com o povo, o nativo e o indígena angolano. Eles sentem nojo da nossa existência, por isso sentem-se confortáveis em organizar o CAN, em desperdiçar bilhões de dólares, do que investirem tais cifras em projetos educacionais e sociais que ajudariam a tirar um país como Angola da era primitiva e bárbara em que se encontra. Até parece que o dinheiro é deles, até parece que o dinheiro pertence a um grupo familiar!
Não podemos de nenhuma maneira identificar no CAN uma festa de pessoas sérias, e olha que não é falta de esforço, é porque não existe situação, condição ou material para tal consideração.Ou quem as promoveu, sendo consideradas pessoas sérias. Onde está a seriedade daqueles que fazem as propostas do Orçamento Geral do Estado? Daqueles que têm a responsabilidade de definir onde e como o dinheiro público deve ser empregado? Qual é a parte de responsabilidade que está gente tem na hora de se fazer uma proposta desse tipo?
É claro que nenhum dos organizadores ou responsáveis precisa responder, mesmo porque pelo poder que têm eles nunca se sentiram obrigados a responder tais perguntas. A resposta está na capacidade que estes têm de achar o que é prioritário para eles mesmos como governantes que são. E que se lixem os governados!