Luanda - Há informação que dá por certa a morte por doença, na sua residência, do veterano jornalista Isaac Neney. Uma figura emblemática do jornalismo angolano na década de 90, exposto ao debate público. Eu visitei o Isaac na sua casa, há 3-4 anos num apartamento recheado com mobiliário sumptuoso no bairro Combatentes.

Fonte: Cllub-k.net

Ele disse-me que preferia viver em casa como um rei que desfilar com grandes marcas e carrões pelas ruas de Luanda, sem ter uma casa em que pudesse repousar confortavelmente e chama lar. Voltei a vê-lo há três semana e como sempre fez, andava de candongueiro, sendo um homem simples, tendo, porém, uma personalidade bastante forte e polémica.


Issac Neney foi um caymanero, um estudante angolano bolseiro em Cuba no tempo do comunismo doentio da guerra fria. Uma vez, ele confessou-me que após a formação, como muitos colegas arriscavam, ele teve a chance de emigrar para as Caraíbas, ou aos Estados Unidos da América. Mas infelizmente preferiu regressar a Angola, terra onde nunca lhe permitiram ser nada, devido aos ideais de liberdade e justiça que partilhava.


Sem que nunca fosse batuqueiro e tambor algum de ninguém, Issac Neney foi o único 'revolucionário' verdadeiro que Cuba pariu dos inúmeros quadros angolanos formados no país de Fidel Castro. Pensador livre e rebelde até ao último dia de vida, ele trabalhou na Direção de Informação da Rádio Nacional de Angola, onde, há anos, tinha deixado de ser usado, embora continuasse a ser pago mensalmente como editor.


Ao Isaac, como me contou, foi dito que devia aproveitar a bolsa para tirar férias 'intermináveis', ficar em casa ou ir fazendo outras coisas na vida. Assim foi, até que a morte caiu sobre ele, como um manto que ajudou a calar e a silenciar completamente a sua voz. Vítima da intolerância à liberdade de expressão e de imprensa, o Issac Neney foi um autêntico mártir.

Paz à sua alma!